Golpistas presos, a luta segue*
Luciano
Siqueira
instagram.com/lucianosiqueira65
Há inúmeras razões para comemorar o desfecho do julgamento dos golpistas —
agora cumprindo pena em instalações da Polícia Federal e em quartéis. É a
primeira vez na história do país em que militares de alta patente são
condenados e levados à prisão por tentativa de golpe.
Mas a complexidade da luta política no país recomenda considerarmos o conjunto
das variáveis em presença. A luta segue.
Há de imediato uma missão em certa medida decisiva para os rumos do país, a
"vitória do Brasil em 2026. Mudanças para o desenvolvimento
soberano", assim anunciada na resolução política do XVI Congresso do
PCdoB.
Nada fácil, ainda que Lula cresça nas pesquisas (agora figurando como favorito
no primeiro e no segundo turno) e as hostes oposicionistas estejam
temporariamente divididas e desarvoradas.
Na esfera estritamente política, o complexo midiático dominante (enquanto
corrente de opinião convergente, na prática o mais influente “partido” político
do país) empenha-se no combate cerrado ao governo e na busca de uma candidatura
presidencial oposicionista viável, se possível de centro-direita , com o apoio
da extrema direita.
Por enquanto, a extrema direita bolsonarista se consome em divergências
internas e na tentativa de parir uma vociferante
candidatura, talvez um dos filhos do ex-presidente prisioneiro.
Mais do que aparenta no jogo estritamente político, nem a Faria Lima nem Wall
Street se conformam com a perspectiva de mais um mandato para Lula.
Simbolizam poderosos interesses representados sobretudo pelo capital financeiro
- materializado num mercado de capitais
considerado o 13º maior do planeta, o 3º em derivativos e o 11º em fundos
-, que sustentam a cantilena de que a essência das limitações financeiras do
Estado brasileiro se encontra nas despesas
primárias (com saúde, educação e programas sociais compensatórios) – cerca de
os R$ 40 bilhões este ano, a despeito de que o déficit total nas contas
públicas até dezembro deva atingir 1 trilhão e 40 bilhões de reais!
Sobre os gastos com juros, que alcançam RS 1
trilhão, nenhuma palavra.
Tudo a ver com a correlação de forças adversa
na Câmara dos Deputados e no Senado. E com a dificuldade de se retomar o
desenvolvimento econômico a partir da reindustrialização e de se melhorar o
padrão de vida do povo.
Nessas circunstâncias, a ação política “por
cima” há que se fazer tão determinada quanto flexível, no intuito de ampliar
mais ainda a frente democrática em torno de Lula; e “pela base”, inventiva no
sentido de gerar alternativas práticas correspondentes ao tempo presente,
mirando a mobilização do povo nos salões, nas redes digitais e nas ruas.
*Texto da minha coluna semanal no portal “Vermelho” www.vermelho.org.br
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