NO MEIO DO TÚNEL, UMA LUZ
O
obscurantismo mostrou sua força, mas não apagou todos os
fachos de luz. Na disputa para a presidência da República, apesar do “mito” ter
engordado um pouco além do que as pesquisas vinham apontando, o resultado não
foi surpreendente, confirmando Lula na faixa dos 50% dos votos válidos, e com
mais 1,7% teria levado a faixa no primeiro turno. Para o estrupício jair
ficando na cadeira faltaram 6,8% de sufrágios à direita.
A extrema-direita
barbarizou mesmo foi na eleição proporcional. Como diz
a filosofia popular, foi penico cheio, a fossa estourou, jogando dejetos para o
alto. O senado, aparentemente, virou um circo de horrores com gente como
Damares, Mourão, Moro, Magno, o cosmonauta Pontes. Restará ao lado são da casa
uma tremenda batalha cotidiana, a partir do começo do próximo ano, para manter
um mínimo de seriedade e de ética num colegiado estrelado por negacionistas de
tão baixo nível.
Mas o negacionismo terá de tirar da mira a urna eletrônica, pois a tese da
vulnerabilidade do sistema foi derrotada pela própria eleição da bancada
escatológica e pelos votos a mais do que o esperado para o meliante da faixa. A
desinteligência nacional agora tenta atacar as pesquisas como forma de
desacreditar alguma coisa ligada ao estudo e ao saber. Mas fica a curiosidade
sobre o que a “auditoria militar” tem a dizer sobre o desempenho do sistema
eletrônico que elegeu o general do Covid, Pazu, com expressivíssima votação
para a deputança federal, além de ter depositado na conta do ao falso messias
cerca de 10% a mais de sufrágios que o previsto por todas as pesquisas.
Nesse túnel para um
tenebroso passado, o futuro mantém acesas suas chamas de luz, sendo
a principal delas a chance de eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 30 de
outubro. Mas esse lume tem contra si, desde ontem, um redobrado esforço das
trevas para o apagar, pois ao bolsonazismo interessa, acima de tudo, a
concentração de poder em seu “mito” – tradução brasileira dos termos “duce” e
“führer” (em italiano e alemão dizem a mesma desgraça). A reeleição da obtusa
criatura que ainda está no palácio do Planalto representará um abraço de
afogado contra a sempre frágil democracia brasileira, pois unirá Executivo e
Legislativo numa cruzada contra a liberdade, contra a ética, contra a ciência,
contra as artes, contra a diversidade, contra a Natureza.
Leia também: Na boca da
urna, qual programa? https://bit.ly/3fplfvA
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