Lula vai ao Planalto e ao STF para conferir estragos
provocados por terroristas
Presidente foi
recebido pela presidente da Corte, Rosa Weber, e os ministros Dias Toffoli e
Luis Roberto Barroso
Mariana Muniz e
Daniel Gulino, O Globo
O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ao Palácio do Planalto neste domingo
para fazer um balanço dos estragos causados pelos terroristas que invadiram a
sede dos Poderes. Lula vistoriou as dependências da sede do Executivo, e em
seguida se dirigiu até a sede do Supremo Tribunal Federal, onde foi recebido
pela presidente da Corte, ministra Rosa Weber.
Além de Rosa, Lula
irá conversar com os ministros Luís Roberto Barroso e Dias Toffoli, dois
ministros que estão em Brasília.
Antes de Lula chegar
ao STF, a sede da corte foi submetida a uma varredura por parte da equipe
anti-bomba da Polícia Federal. O mesmo procedimento foi realizado no Palácio do
Planalto.
A destruição
provocada por terroristas nas instalações do Palácio do Planalto, Congresso e
Supremo inclui patrimônios históricos que dificilmente poderão ser recuperados
e alcançou também os espaços privativos que as autoridades usam para trabalhar
diariamente.
No Planalto, a tela
“Mulatas”, de Di Cavalcanti, foi furada pelos invasores em seis pontos. O
gabinete presidencial, que fica no terceiro andar, não chegou a ser alcançado,
já que tem segurança extra e trancas especiais nas portas. A sala da
primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja, no entanto, foi destruída, assim como
o gabinete do ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo
Pimenta. Computadores foram quebrados, gavetas, reviradas, e obras de arte,
derrubadas no chão.
— A sala do
presidente Lula tem um vidro mais grosso. Tem que passar por um, depois por
outro, e tem umas trancas. Fica isolada, como se fosse um aquário. Conseguiram
destruir a sala da Janja. A Secom foi o lugar mais destruído. Obras de arte,
esculturas, obras rasgadas, furadas, quebradas... — disse Pimenta.
Assessor especial de
Lula, o ex-ministro Celso Amorim também teve sua sala arrombada no terceiro
andar do Planalto, que passou por uma perícia na noite de ontem. No Congresso,
o vitral “Araguaia”, que fica no salão verde da Câmara, foi danificado — a obra
da artista Marianne Peretti é de 1977.
No prédio do STF, os
danos incluem o chamado “Hall dos Bustos”, onde havia esculturas de figuras
importantes da República, como Rui Barbosa, responsável pela criação da Corte
no modelo atual, em 1890, e de Joaquim Nabuco, abolicionista. O brasão da
República também foi atacado. Um exemplar da Constituição, réplica da edição
original, foi roubado.
Entre itens de valor
histórico danificados também está um tapete que, segundo informações do
Supremo, pertenceu à Princesa Isabel, filha do imperador D. Pedro II e
responsável por assinar a Lei Áurea, que acabou com a escravidão no país.
No STF, segundo
apuração do GLOBO, a avaliação é que o dano ao patrimônio histórico é
irreparável e que o prédio principal está “completamente destruído”. A
escultura “A Justiça”, de Alfredo Ceschiatti, foi pichada. De acordo com
relatos feitos à reportagem, os terroristas retiraram as cadeiras que os onze
ministros usam durante os julgamentos. Um vídeo mostra o grupo carregando a
porta do armário usado pelos magistrados para pendurar suas togas durante as
sessões. Na imagem, é possível verificar o nome de Alexandre de Moraes.
Em nota, a presidente
do STF, Rosa Weber, afirmou que o edifício-sede do Supremo , “patrimônio
histórico dos brasileiros e da humanidade, foi severamente destruído por
criminosos, vândalos e antidemocratas”. Segundo informações da assessoria de
imprensa da Corte, o edifício passará por uma perícia e ficará fechado hoje.
Os
fatos em órbitas sucessivas https://bit.ly/3Ye45TD
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