09 março 2023

Enio Lins opina

Os diamantes são eternos, especialmente quando propina

Enio Lins www.eniolins.com.br

 

Como não poderia deixar de ser, chamou muito a atenção a notícia sobre a tentativa do Jair, ainda aboletado na presidência da República, de dar uma rasteira na Receita Federal e abocanhar um “brinde” cujo valor ultrapassa a casa dos R$ 16 milhões.

“Brinde” esse 
que consiste num conjunto de joias recheadas de diamantes e, oficialmente, originárias de potentados árabes, muamba retida pela Receita Federal no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.

Como se sabe
, presentes recebidos pelo presidente da República, pela primeira-dama, ou por autoridades em missão são propriedades do Tesouro Nacional. Jair sabia disso e por isso o tal butim estaria chegando escondido. Descobriram.

Jair fez de tudo,
 em várias tentativas, para “salvar” os diamantes que teriam sido endereçados à sua “conge”, Miss Sheik. Mas a Receita Federal segurou a barra e o pacote.

Muitas são as informações 
cabeludas que seguem pipocando, inclusive um outro pacotaço de joias, esse declarado um ano depois de sido recebido em silêncio. Mas, relativamente, seriam miudezas, mesmo sendo "presentes" de milhões de reais.

Miçangas são se
 comparadas aos valores que os sheiks árabes teriam colocado sob suas túnicas com a compra da refinaria brasileira Landulpho Alves, localizada na Bahia. O valor pago (pela turma que enviou o mimo para o casal Mito & MIcheque) corresponde a metade do valor mínimo de mercado da RLAM.

Segundo o 
Instituto Brasileiro de Estudos Estratégicos de Petróleo (INEEP), o valor da refinaria de petróleo Landulpho Alves (RLAM) oscilaria entre US$ 3 bilhões e US$4 bilhões. Em novembro de 2021, o time Jair Messias passou-a adiante pela bagatela US$ 1,65 bilhão. O que significa dizer que, quem comprou ganhou (de graça?), no ato, entre US$ 1,53 bi e US$ 2,35 bi.

Que representam
 R$ 16 milhões frente a um ganho fácil - instantâneo - entre US$ 1,35 bilhão e US$ 2,35 bilhões? E mais, diamantes não se multiplicam, enquanto a refinaria é uma fonte de lucros contínuos, uma verdadeira fábrica de dinheiro.

Precisa ser investigada
 a relação dos diamantes presenteados pelos sheiks com a refinaria presenteada aos sheiks, este troca-troca é o que mais interessa esclarecer nesse caso. Seja pela óbvia tentativa de burla à Receita Federal, seja pela ululante evidência de propina.

Em meio a uma crise
 nos combustíveis, com o preço ao consumidor pegando fogo, a perda de bens essenciais ao patrimônio público, como refinarias, é algo maior que um erro e/ou ato de corrupção – é um crime, e grave, contra a economia nacional. Se as joias foram o propinoduto, isto é apenas um agravante. [Ilustração: Aroeira]

Tudo o que importa de algum modo permanece https://bit.ly/3Ye45TD

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