Os diamantes são eternos, especialmente quando propina
Enio Lins www.eniolins.com.br
Como
não poderia deixar de ser, chamou muito a atenção a
notícia sobre a tentativa do Jair, ainda aboletado na presidência da República,
de dar uma rasteira na Receita Federal e abocanhar um “brinde” cujo valor
ultrapassa a casa dos R$ 16 milhões.
“Brinde” esse que consiste num conjunto de joias recheadas de diamantes e,
oficialmente, originárias de potentados árabes, muamba retida pela Receita
Federal no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.
Como se sabe, presentes recebidos pelo presidente da República, pela
primeira-dama, ou por autoridades em missão são propriedades do Tesouro
Nacional. Jair sabia disso e por isso o tal butim estaria chegando escondido.
Descobriram.
Jair fez de tudo, em várias tentativas, para “salvar” os diamantes que
teriam sido endereçados à sua “conge”, Miss Sheik. Mas a Receita Federal
segurou a barra e o pacote.
Muitas são as informações cabeludas que seguem pipocando, inclusive um outro pacotaço
de joias, esse declarado um ano depois de sido recebido em silêncio. Mas,
relativamente, seriam miudezas, mesmo sendo "presentes"
de milhões de reais.
Miçangas são se comparadas aos valores que os sheiks árabes teriam
colocado sob suas túnicas com a compra da refinaria brasileira Landulpho Alves,
localizada na Bahia. O valor pago (pela turma que enviou o mimo para o casal
Mito & MIcheque) corresponde a metade do valor mínimo de mercado da
RLAM.
Segundo o Instituto Brasileiro de Estudos Estratégicos de Petróleo
(INEEP), o valor da refinaria de petróleo Landulpho Alves (RLAM) oscilaria
entre US$ 3 bilhões e US$4 bilhões. Em novembro de 2021, o time Jair Messias
passou-a adiante pela bagatela US$ 1,65 bilhão. O que significa dizer que, quem
comprou ganhou (de graça?), no ato, entre US$ 1,53 bi e US$ 2,35 bi.
Que representam R$ 16 milhões frente a um ganho fácil - instantâneo
- entre US$ 1,35 bilhão e US$ 2,35 bilhões? E mais, diamantes não se
multiplicam, enquanto a refinaria é uma fonte de lucros contínuos, uma
verdadeira fábrica de dinheiro.
Precisa ser investigada a relação dos diamantes presenteados pelos sheiks com a
refinaria presenteada aos sheiks, este troca-troca é o que mais interessa
esclarecer nesse caso. Seja pela óbvia tentativa de burla à Receita Federal,
seja pela ululante evidência de propina.
Em meio a uma crise nos combustíveis, com o preço ao consumidor pegando
fogo, a perda de bens essenciais ao patrimônio público, como refinarias, é algo
maior que um erro e/ou ato de corrupção – é um crime, e grave, contra a
economia nacional. Se as joias foram o propinoduto, isto é apenas um
agravante. [Ilustração: Aroeira]
Tudo o que importa de algum modo
permanece https://bit.ly/3Ye45TD
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