Os partidos e o
governo de frente ampla
Luciano Siqueira
Nada é simples na
luta política, sobretudo quando se pretende transformar a sociedade levando-a a
um patamar superior.
No Brasil, mais ainda
— não apenas pela complexa e instável conformação social e política, como pela
fragilidade e dispersão da representação partidária.
Como agora, em que as
expectativas da nação estão voltadas para a possibilidade de êxito do governo de
frente amplíssima liderado por Lula.
Em torno de cada
questão relevante, complexo jogo de forças.
Na oposição, a
extrema direita negacionista em toda linha.
No seio do governo e
da sua base social de sustentação, diferenciadas posições sobre uma mesma
questão. Pois o conflito entre o novo
que pretende avançar e o velho, que
resiste postulando mudanças apenas moderadas, ocorre a todo instante.
Por sua vez, dentre
os segmentos sociais que se organizam de diversas formas para reivindicar
posturas e posições, nem sempre há absoluta convergência em relação à
proposições oriundas do governo.
Natural e benéfico
que assim seja.
Essas aparentes
dissensões traduzem, em última instância, embates de interesses de classes e de
segmentos de classes. Bem compreendidas, contribuem para a formação de uma consciência social
politicamente avançada.
Aos partidos
políticos mais comprometidos com a essência da reconstrução nacional, cabe o empenho de todas as formas para o êxito do governo, preservando contudo a
sua distinção institucional. Governo é governo; partido é partido.
O PCdoB formulou isso
muito bem em sua 9⁰ Conferência Nacional, em junho de 2003, no início do
primeiro governo Lula - do qual participou, como agora, no primeiro escalão e
como aliado de primeira hora - ao adotar uma postura tática "propositiva e
ao mesmo tempo crítica".
Na prática, nos dois
governos Lula e no período de Dilma Rousseff, o PCdoB deu relevante contribuição
em diferentes ministérios e em níveis administrativos intermediários, sem
contudo, na sua missão específica de partido político de posição programática
própria, abrir mão da crítica toda vez que julgou necessário. Em relação à
política macroeconômica, por exemplo.
Discrepâncias
perfeitamente compreensíveis e capituladas no saudável ambiente de distinção
entre partidos e governo.
[Texto da minha coluna de todas as quinta feiras no portal
Vermelho www.vermelho.org.br]
Às vezes o que reluz é ouro https://bit.ly/3Ye45TD
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