A timidez nossa de cada dia
Luciano Siqueira
A timidez é como uma dança silenciosa, uma disfarçada e às vezes imperceptível coreografia íntima de quem prefere a discrição à ribalta.
Sei por experiência própria: o tímido gostaria de ser como um artista invisível, partícipe atuante do espetáculo sem ser notado.
Com um mérito: na militância revolucionária, o tímido joga o tempo todo para o time, sem pedir nem esperar reconhecimento público pela competência ou pela bravura.
E assim cumpre um papel indispensável, frequentemente de liderança.
Cada missão a cumprir é precedida de uma reflexão interior que leva em conta a situação concreta, sentimentos e aspirações individuais e coletivas, limites e possibilidades.
Ao contrário dos vaidosos ou excessivamente extrovertidos, lideram naturalmente, sem arroubos nem histrionismos.
Diz o poeta que a timidez não é uma fraqueza, é uma manifestação de sensibilidade que une e agrega.
Observador sensível, o tímido percebe atentamente os com quem convive e assim os motiva, mobiliza e impulsiona numa mesma direção.
Bendita a humana timidez de cada dia!
[Ilustração: Rene Magritte]
À flor da pele https://bit.ly/3Ye45TD
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