13 fevereiro 2024

Palavra de poeta: Marcelo Mário de Melo

A COLOMBINA BAUNILHA
Marcelo Mário de Melo*
 
Com olhos de adereço
chuva fina de confete
caracóis de serpentina
respingos de frevo e festa
a Colombina aflorou
arrastando pelos olhos
a gestos de enleio e dança
um Pierrot solitário.
 
Mas as flechas e o sinete
nas trilhas do encantamento
vieram pelo aroma
que brotou da Colombina:
sumos de suor sorvete
mulher cheirando a baunilha.
 
Ao fim do reino de Momo
no silêncio dos clarins
restou um Pierrot rendido
a rondar sorveterias
cheirando fios de lembrança.

[Ilustração: Edgar Degas]

*Jornalista, poeta
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