11 junho 2024

Palavra de poeta: Eugénio de Andrade

O Silêncio
 (já)

Eugénio de Andrade



Quando a ternura 
parece já do seu ofício fatigada, 

e o sono, a mais incerta barca, 
inda demora, 

quando azuis irrompem 
os teus olhos 

e procuram 
nos meus navegação segura, 

é que eu te falo das palavras 
desamparadas e desertas, 

pelo silêncio fascinadas.
 

[Ilustração: Pino Danei]

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