Angústia
Florbela
Espanca
Tortura do pensar! Triste lamento!
Quem nos dera calar a tua voz!
Quem nos dera cá dentro, muito a sós,
Estrangular a hidra num momento!
E não se quer pensar!… E o pensamento
Sempre a morder-nos bem, dentro de nós…
Q’rer apagar no Céu – Ó sonho atroz! –
O brilho duma estrela, como o vento!…
E não se apaga, não… nada se apaga!
Vem sempre rastejando como a vaga…
Vem sempre perguntando: “O que te resta?…”
Ah! não ser mais que o vago, o infinito!
Ser pedaço de gelo, ser granito,
Ser rugido de tigre na floresta!
[Ilustração: Roman Zakrzewski]
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