Indústria chinesa supera EUA, Japão, Alemanha e Índia juntos
Ranking mostra que chineses seguem na liderança com 31,8% do PIB global da indústria manufatureira em 2023; Brasil sobe um posto mesmo com menor participação mundial
Murilo da Silva/Vermelho
A Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido, da sigla em inglês) atualizou o panorama da indústria mundial até o ano de 2023 e nele é mostrado que a China permanece em primeiro lugar ao concentrar 31,8% do PIB global da indústria manufatureira, condição que corresponde à produção somada dos Estados Unidos, Japão, Alemanha e Índia – que juntos responderam por 29,5%.
O salto chinês desde 2005 em valor adicionado de manufatura produzida é enorme, mais do que triplicou, o que a fez percentualmente passar de 13,2%, quando estava em 2º lugar no ranking atrás dos EUA, para os atuais 31,8% Nesse ínterim, os estadunidenses viram sua participação decrescer de 22,6% para 15,1%.
Os dados foram divulgados pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) a partir da edição do ‘International Yearbook of Industrial Statistics’ da Unido, que considera o valor adicionado do setor de manufatura em dólares a preços constantes de 2015. Com os números o instituto constrói o ranking dos maiores parques manufatureiros do mundo.
Veja o ranking dos líderes:
- China (31,8%);
- EUA (15,1%);
- Japão (6,6%);
- Alemanha (4,6%);
- Índia (3,2%).
É ressaltado pelo relatório a desigualdade na concentração. Apenas estes cinco países somados tem 61,3% do parque manufatureiro mundial. Confira abaixo o ranking completo.
Com base no quadro acima, o Iedi chama a atenção para a única troca de posição entre 2022 e 2023 nos dez primeiros colocados com a inversão entre Coreia do Sul e a Índia, que entrou no top 5.
Brasil
O Brasil aparece em 15º no ranking, subindo uma posição entre 2022 e 2023. Apesar da melhora de posição, o estudo indica que o avanço ocorreu mais pelo mau desempenho de outros países. Isto porque a indústria manufatureira brasileira, ainda que tenha aumentado o valor adicionado, teve leve retração na sua participação global, passando de 1,22% para 1,21%.
O que permitiu a subida no ranking foi a Irlanda que caiu três posições no período impactada pelo ajuste na produção farmacêutica após a pandemia e o enfraquecimento da demanda europeia.
O levantamento ainda ressalta que o Brasil sofreu um forte impacto na sua indústria nas últimas duas décadas. Em 2005, ocupava o posto de 10º maior parque manufatureiro do mundo (participação de 2,2% do total do valor adicionado mundial). Já em 2015, caiu para 11º lugar, com 1,55% de participação.
Nos últimos oito anos a situação se agravou ainda mais em perda de participação até o quadro atual.
“Tomadas as vinte maiores manufaturas do mundo, o Brasil aparece como um dos países que mais recuaram no ranking: caiu 5 posições entre 2005 e 2023, só perdendo para Espanha e Canadá, que perderam 7. Entre os que mais progrediram está Irlanda, Índia, Turquia e Taiwan”, ressalta o Iedi.
O quadro desse grave processo nacional de baixa industrialização é refletido em quedas acentuadas, entre 2005 e 2022, em alguns parques industriais brasileiros como nos de:
- equipamentos de escritório e informática, do 11º lugar mundial para o 19º;
- outros equipamentos de transporte, de 11º para 17º;
- impressão e reprodução, de 10º para 22º.
Onde o Brasil está em melhor posição são nos rankings específicos de:
- coque e derivados de petróleo (4º em 2022);
- alimentos e bebidas (7º);
- metais básicos (7º);
- papel e produtos de papel (7º);
- couro e calçados (7º).
Alta e média-alta tecnologia no Brasil
Enquanto o Brasil tem melhor posição dentro de setores de processamento de commodities, a situação é inversa quando se trata de alta e média-alta tecnologia.
Os dados da Unido inserem que a participação do Brasil neste setor passou de 1,8% para 0,9%, entre 2005 e 2022, o que fez o país sair da 11ª posição mundial para a 18ª.
“Também declinou o peso desta parcela mais intensa em tecnologia na estrutura industrial do país. Representava 33,1% em 2005 e passou para 31,3% em 2022. Isso se dá pela importância do processamento de commodities no país, cujas atividades são menos intensivas em tecnologia, mas também pelas inúmeras distorções que nosso ambiente de negócios possui e que prejudicam as cadeias produtivas mais longas, que caracterizam as atividades mais tecnológicas”, traz o relatório que compara estes números de participação com os de México (42,4%), Índia (41,65), China (41,5%), Tailândia (41,4%) e Vietnã (38,7%).
*Com informações Iedi
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