Juventude: as lições de Lênin, Gramsci e Che Guevara para a Esquerda no Século XXI
Vladimir Lênin, em seus discursos à Juventude Comunista na URSS, defendia que os jovens são a “alma nova” da revolução; dispostos questionar o status quo e absorver ideias para construir o socialismo
Thiago Modenesi/Vermelho
Em um mundo marcado por crises climáticas, desigualdades extremas, ascensão da extrema-direita e a erosão de direitos, a juventude emerge não apenas como vítima de um sistema capitalista em colapso, mas como força motriz de alternativas. Para a esquerda, compreender e integrar esse potencial é uma questão de sobrevivência histórica. Lênin, Gramsci e Che Guevara, três pilares do pensamento revolucionário, já apontavam em seus escritos: sem a energia crítica da juventude, não há projeto transformador possível.
Vladimir Lênin, em seus discursos à Juventude Comunista na URSS, defendia que os jovens são a “alma nova” da revolução. Para ele, sua disposição para questionar o status quo e absorver ideias radicais os tornava essenciais na construção do socialismo. Mas alertava: essa força precisava ser organizada e educada. Não bastava rebelar-se, era preciso compreender a luta de classes e articular-se com o proletariado. Hoje, quando movimentos juvenis pelo mundo afora desafiam o capitalismo fóssil, a lição leninista ressoa: a rebeldia dos jovens deve ser canalizada para projetos políticos estruturados, capazes de transformar indignação em organização para enfrentar os desafios da construção de alternativa ao capitalismo.
Antônio Gramsci complementa essa visão ao destacar o papel da cultura na revolução. Em sua análise da hegemonia, ele via a dominação capitalista não apenas como controle econômico, mas como imposição de valores. Para romper essa barreira, era necessário criar uma “contra-hegemonia” — e nisso, a juventude é insubstituível. Universidades, redes sociais e espaços artísticos são apenas algumas das trincheiras onde jovens podem desconstruir narrativas neoliberais e semear novas ideias. Quando coletivos periféricos usam o hip-hop para denunciar o racismo ou quando estudantes ocupam escolas contra cortes na educação, estão praticando o gramscismo vivo: disputando a cultura para preparar o terreno da mudança estrutural.
Já Che Guevara elevou o ímpeto juvenil à categoria de imperativo ético. “Seja realista: exija o impossível”, proclamou, sintetizando a coragem de desafiar o que parece imutável. Che via nos jovens a capacidade de agir como vanguarda, arriscando-se nas linhas de frente — das guerrilhas às mobilizações de massa. Sua ênfase no “homem novo”, guiado pela solidariedade e não pelo lucro, ecoa hoje em coletivos que priorizam a justiça climática e a democratização da tecnologia. A lição é clara: o que alguns veem como utopia é infantilismo, mas combustível para ações ousadas.
Alguns criticam dizendo que a juventude é “imatura” para a política. Lênin, Gramsci e Che refutariam: é justamente sua recusa em aceitar o cinismo do mundo adulto que a torna capaz de reinventá-lo. Se a esquerda do século XXI quer reconquistar relevância, precisa ouvir e investir na formação política da juventude, abrir espaços de liderança e conectar suas pautas às lutas históricas da classe trabalhadora.
Afinal, como escreveu Che: “apresenta-se a todo jovem comunista a tarefa de ser essencialmente humano, ser tão humano que se aproxime ao melhor do humano, purificar o melhor do homem por meio do trabalho, do estudo, do exercício de solidariedade continuada com o povo e com todos os povos do mundo, desenvolver ao máximo a sensibilidade até se sentir angustiado quando um homem é assassinado em qualquer canto do mundo e para se sentir entusiasmado quando em algum canto do mundo se alça uma nova bandeira de liberdade.”. Uma juventude assim, presente na sociedade e, em particular nas fileiras do Partido Comunista do Brasil, está chamada para ser não apenas o futuro, mas os arquitetos do presente.
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