11 julho 2025

Povo nas ruas

Manifestações pelo Brasil exigem taxação de super-ricos e o fim da jornada 6×1
“Taxação BBB” e críticas a Trump, Tarcísio e à aliança de bilionários e banqueiros dominam atos em diversas capitais; mobilização ganha força com tarifaço anunciado por Trump contra produtos brasileiros
Cezar Xavier/Vermelho 

Em um dos maiores dias de mobilização social do ano, milhares de pessoas saíram às ruas em dezenas de cidades brasileiras nesta quinta-feira (10) para exigir a taxação de super-ricos, o fim da escala de trabalho 6×1 e justiça tributária. Batizada informalmente de “Taxação BBB” — sigla para Bets, Bancos e Bilionários —, a jornada de lutas ganhou novo impulso com o anúncio de Donald Trump, na véspera, de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros como chantagem pelo julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Os atos foram convocados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, com apoio de centrais sindicais como CTB, CUT, Intersindical e UGT, e movimentos sociais ligados à classe trabalhadora. Parlamentares do PCdoB, PSOL e PT participaram das mobilizações, que ocorreram simultaneamente em capitais como São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza, Rio de Janeiro, Florianópolis, Curitiba, São Luís, Vitória e outras cidades.

Avenida Paulista: epicentro do protesto e críticas a Trump e Tarcísio

Na capital paulista, a avenida Paulista voltou a ser tomada por manifestantes com faixas, cartazes e palavras de ordem direcionadas a bilionários, banqueiros e ao ex-presidente americano Donald Trump, cujas ameaças de retaliação comercial impulsionaram a revolta. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também foi alvo frequente dos gritos de protesto: “Tarcísio vira-lata” e “Paulista não é colônia” ecoaram sob o vão do Masp.

O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) sintetizou o sentimento: “Enfrentar o frio de São Paulo para lutar contra a injustiça tributária e a ameaça imperialista de Trump aquece o coração de quem acredita no Brasil soberano.”

O ato, que começou às 18h, reuniu milhares de pessoas entre as ruas Pamplona e Plínio Figueiredo. Entre os presentes estavam os deputados Rui Falcão (PT-SP) e Guilherme Boulos (PSOL-SP), que discursaram em defesa da taxação progressiva e do fim da jornada 6×1, considerada pelos manifestantes uma herança escravista.

Pauta se espalha pelo país: justiça tributária e trabalho digno

Em Brasília, o ato começou ainda pela manhã na Rodoviária do Plano Piloto. Em Belo Horizonte, a tradicional Praça 7 foi ocupada por sindicalistas e jovens. No Rio, a manifestação se concentrou em frente à Bolsa de Valores, denunciando a financeirização da economia e a evasão fiscal dos super-ricos.

Em todas as cidades, duas perguntas guiaram o plebiscito popular promovido pelos organizadores:

  1. Você é a favor da redução da jornada de trabalho sem redução de salário e do fim da escala 6×1?
  2. Você é a favor de que quem ganha mais de R$ 50 mil por mês pague mais imposto de renda para que quem recebe até R$ 5 mil fique isento?

Mesas de votação foram montadas nos locais dos atos, onde os manifestantes puderam votar e debater as propostas com militantes dos sindicatos e das frentes populares.

“BBB”: bancos, bilionários e casas de apostas no alvo

A mobilização popular apontou a necessidade de reverter a atual estrutura regressiva da carga tributária brasileira, que pesa sobre os mais pobres enquanto protege os mais ricos. O mote “Taxação BBB” expôs três alvos prioritários: bancos, bilionários e o setor das bets — casas de apostas esportivas que movimentam bilhões no país com baixa tributação e escassa regulação.

“A classe trabalhadora não aguenta mais sustentar sozinha o orçamento do Estado. O Brasil é um dos países que menos tributa os lucros e dividendos. Está na hora de inverter essa lógica”, afirmou um representante da CUT durante a manifestação em Salvador, onde a Estação da Lapa reuniu cerca de 5 mil pessoas.

Reação a Trump revela mudança no tom do movimento social

Embora a pauta central dos atos fosse a justiça tributária, o anúncio do tarifaço de Trump colocou o ex-presidente norte-americano no centro das críticas. Em São Paulo, manifestantes se fantasiaram de Trump e Bolsonaro em performance simbólica que denunciava a subserviência do bolsonarismo aos interesses estrangeiros.

“Trump é o rosto da guerra econômica contra o Brasil. A elite brasileira quer um governo que se curve a isso, mas o povo está dizendo: chega!”, disse Guilherme Boulos ao público na Paulista.

A retaliação anunciada por Trump foi entendida por muitos como uma tentativa de intimidar o governo Lula por defender a desdolarização no BRICS e fortalecer o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), presidido por Dilma Rousseff.

Mobilização continua: Guarulhos e novas cidades no sábado

A jornada de mobilizações terá continuidade no sábado, 12 de julho, em cidades como Guarulhos (SP), onde haverá protesto às 11h na Praça Getúlio Vargas. Os organizadores pretendem manter a pressão por uma reforma tributária progressiva e pela revogação de medidas trabalhistas que aumentam a precarização.

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