09 agosto 2022

Caetano Veloso, 80 anos

Vamos caetanear o que a vida tem de bom nos 80 anos de Caetano Veloso
Hoje, Caetano Veloso completa 80 anos. E o verbo caetanear, se não está dicionarizado, com certeza está no dicionário poético dos brasileiros
Marcos Aurélio Ruy, Vermelho www.vermelho.org.br

 

Criado por Djavan, se o verbo “caetanear” não estiver dicionarizado, deveria estar. Eu caetaneio, tu caetaneias, ela/e caetaneia, nós caetaneamos, vós caetaneais, elas/es caetaneiam. Afinal todo mundo que gosta de boa música neste país algum dia já caetaneou de alguma forma, tamanha a presença da obra dele em nossas vidas e na vida da nação.

Dentre outros cantores e compositores, batalhou seu espaço nos festivais de música dos anos 1960-1970 e desde então vem se destacando como um dos principais nomes da música popular brasileira. É uma alegria sem fim ter a possibilidade de tentar prestar homenagem no aniversário de 80 anos de Caetano Veloso. Além de ser um enorme privilégio acompanhar os mais de 50 anos de sua carreira profissional. Afinal desde que o samba é samba é assim, Caetano canta como poucos.

Desde que o Samba é Samba, de Caetano Veloso e Gilberto Gil

“A tristeza é senhora / Desde que o samba é samba é assim / A lágrima clara sobre a pele escura / A noite, a chuva que cai lá fora / Solidão apavora / Tudo demorando em ser tão ruim / Mas alguma coisa acontece / No quando agora em mim / Cantando eu mando a tristeza embora”

Pois o artista vem caminhando contra o vento numa postura ereta, firme, sempre numa provocação aos opressores de plantão. Foi preso na ditadura (1964-1985), exilou-se e voltou para o bem do Brasil. Obviamente não foi o único, mas o aniversário é desse gigante da nossa cultura.

Para deixar o mundo mais odara, Caetano vem com seu tropicalismo revolucionário da cultura brasileira ao cantar as dores, os amores, as vontades, os desejos, os pesares de todas/os brasileiras e brasileiros.

 “Compositor de destinos / Tambor de todos os ritmos / Tempo, tempo, tempo, tempo /Entro em um acordo contigo / Tempo, tempo, tempo, tempo”

Porque o tempo parece não passar para ele, que se fia nos versos de seu amigo Gilberto Gil para afirmar que o seu tempo é hoje. Viver cada momento para deixar o mundo mais feliz. Dançar e cantar para a mente ficar mais livre e com isso ajudar todo mundo a enfrentar a vida como a vida pede.

Odara, de Caetano Veloso

“Deixa eu dançar pro meu corpo ficar odara / Minha cara, minha cuca ficar odara / Deixa eu cantar que é pro mundo ficar odara / Pra ficar tudo joia rara / Qualquer coisa que se sonhara / Canto e danço que dará”

E numa homenagem ao poeta Vladimir Maiakovski (1893-1930), ele reafirma que “gente é pra brilhar, não pra morrer de fome” como o capitalismo no mundo e destrói vidas de todas as formas. Principalmente com a gente humilde, que vive da sua força de trabalho.

Gente, de Caetano Veloso

“Gente lavando roupa / Amassando pão / Gente pobre arrancando a vida / Com a mão / No coração da mata gente quer / Prosseguir / Quer durar, quer crescer, / Gente quer luzir / Oração ao tempo / Gente é pra brilhar / Não pra morrer de fome”

Caetano é luz, é luzir, é esperança, até quando canta que a língua é a sua Pátria. Mas ele diz ter mátria, não pátria, mas quer frátria. Uma nação de irmãs e irmãos, onde todas as pessoas se respeitem e se amem. Sem fome, sem miséria, sem opressão. Principalmente porque só se pode “filosofar em alemão”.

Língua, de Caetano Veloso

“Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões / Gosto de ser e de estar / E quero me dedicar a criar confusões de prosódias / E uma profusão de paródias / Que encurtem dores / E furtem cores como camaleões”

Afinal se “existirmos: A que será que se destina?”, pergunta filosoficamente em Cajuína. Além de não se amarrar em dinheiro não, mas na formosura e reconhecer que o “Haiti não é aqui” e na complexidade da vida “o Haiti é aqui”

Vem à memória o filme Yesterday, de Danny Boyle e, ao imaginar o mundo sem os Beatles, fico a pensar “como seria o Brasil sem as obras de Caetano?” Dá para imaginar a vida sem Caetano Veloso? Claro que não. Porque sua obra é singular, é plural, afinal, é Caetano.

Céu de Santo Amaro, de Caetano Veloso e Flávio Venturini

“Olho para o céu / Tantas estrelas dizendo da imensidão / Do universo em nós / A força desse amor / Nos invadiu… / Com ela veio a paz, toda beleza de sentir / Que para sempre uma estrela vai dizer / Simplesmente amo você”

Toda a sua criatividade e inventividade ajudaram o tropicalismo a revolucionar a MPB com poesias e melodias com poucos já ousaram fazer.

Viva a alegria de contarmos com um artista dessa grandeza para deixar a nossa vida mais reluzente. Salve Caetano Veloso em seus 80 anos. O dia 7 de agosto já está na história do país porque marca o nascimento desse gigante da nossa cultura. Caetano não é da Bahia, é do Brasil e do mundo, eternamente fixado nas mentes e corações de toda gente.

Imperdível a live dele com filhos, Maria Bethânia e convidados pela Globoplay, pelo canal pago Multishow e por algum temo no Fantástico da TV aberta Globo, no domingo à noite.

Janelas abertas para o mundo https://bit.ly/3n47CDe      


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