Tebet anuncia apoio a Lula para o segundo turno: 'Reconheço seu
compromisso com a democracia'
Senadora, que almoçou
com o ex-presidente nesta quarta-feira, entregou cinco sugestões que espera ver
incorporadas ao programa de governo do petista e disse que "não cabe a
omissão da minha neutralidade"; seu partido, o MDB, já havia liberado diretórios
Bianca Gomes e Lucas Mathias, O Globo
Terceira
colocada na disputa pela Presidência, a senadora Simone Tebet (MDB) anunciou,
em vídeo divulgado em suas redes sociais, que vai apoiar o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno. Mais cedo, ela já havia almoçado com o petista, em encontro na casa da ex-prefeita
Marta Suplicy, em que entregou cinco sugestões que espera ver incorporadas ao programa de governo de
Lula.
Ao
anunciar seu apoio ao petista em seu discurso, Tebet afirmou que lançou sua candidatura à Presidência em
meio a um clima de ódio, destacou seus mais de 4,9 milhões de votos na terceira
colocação ao Planalto e disse "não estar autorizada a abandonar as ruas e
as praças enquanto a decisão soberana, do eleitor, lhe autorizar".
— Pelo
amor que tenho ao Brasil, à democracia e à Constituição, peço desculpas aos
meus amigos que imploraram pela minha neutralidade, para dizer que o que está
em jogo é muito maior que todos nós. Neste momento tão grave da nossa história,
omitir-me seria trair minha história de vida pública. Não anularei meu voto,
não votarei em branco, não cabe a omissão da minha neutralidade — disse a
senadora.
Tebet também criticou o
presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua gestão durante a pandemia, e disse que
ainda mantém suas críticas a Lula, inclusive pelo pedido pelo "voto
útil" na reta final da campanha presidencial.
— Depositarei nele o meu
voto, porque reconheço seu compromisso com a democracia e com a Constituição, o
que desconheço no atual presidente. Meu apoio não será por adesão, é por um
Brasil que sonha, um Brasil de todos, com desenvolvimento sustentável, reformas
estruturantes, que respeite o agronegócio e o meio-ambiente, e que defende
ideias que espero ver acolhidas. Tendo sempre a responsabilidade fiscal e a
âncora fiscal para atender o que é social — prosseguiu a senadora.
Entre as propostas
sugeridas à campanha de Lula, Tebet defendeu medidas ligadas à educação, saúde,
economia e renda, além de pedir o prosseguimento de projeto para igualar o
salário entre homens e mulheres, e a igualdade racial (leia o manifesto na
íntegra ao fim do texto).
— Quero finalizar dizendo
que até 30 de outubro estarei na rua vigilantes. Minhas preces, por uma
campanha de paz — concluiu a senadora.
Em entrevista à GloboNews,
Tebet comemorou sua votação no pleito deste ano, apesar de seu desconhecimento.
A senadora ressaltou que "seu amor pelo país não permite a neutralidade
neste momento". Ela voltou a afirmar que, diferentemente de Lula, "o
atual presidente não respeita a independência entre os Poderes". Tebet
também reforçou a segurança das urnas eletrônicas e disse que, apesar de não
ter contado com largo apoio político durante sua campanha, só precisa de
"um caixote e um microfone".
Tebet também contou ter
contestado, em conversa com o ex-presidente Lula, sua estratégia pelo "voto
útil", que considera legítimo, mas não "sem apresentar propostas ao
povo brasileiro". Ainda segundo ela, o apoio não se deu condicionado a
cargos, mas pelo futuro do país.
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também: Na boca da urna, qual programa? https://bit.ly/3fplfvA
— Em nenhum momento foi
apresentado o pleito por cargos e sequer aceitaria essa discussão. Não quero
cargos, ministérios, mas quero o Brasil que seja para todos —
À colunista do GLOBO Vera Magalhães,
Tebet já havia afirmado que sua decisão, de apoiar Lula, "não é por adesão, é por um projeto
de país". Participaram do almoço nesta tarde também a socióloga
Rosângela da Silva, a Janja, mulher do petista, o candidato a vice na chapa de
Lula, Geraldo Alckmin, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o candidato ao
governo paulista pelo PT, Fernando Haddad.
Antes de posar para foto
ou gravar com Lula, porém, a senadora espera ter retorno do petista
sobre as sugestões entregues a ele, ligadas à questão de gênero, como o
compromisso de cotas para mulheres na composição do governo. Antes
de oficializar o apoio, ela aguardava a postura de seu partido, o MDB, que liberou nesta manhã seus
diretórios, filiados e dirigentes a se posicionarem como quiserem e decidiu
manter a neutralidade.
Antes de oficializado,
porém, o apoio foi pacificado no partido. Desde o início da campanha eleitoral,
Tebet deixou claro que o principal adversário na disputa era o presidente Jair
Bolsonaro (PL). Mas a projeção era de que a conversa com Lula definisse se o
apoio à sua candidatura será protocolar e crítico ou se virá acompanhado de uma
maior participação no processo eleitoral, afirmam pessoas próximas à senadora.
Nesta
terça-feira, antes de se encontrar com Lula, Tebet esteve com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), também na capital
paulista, como mostra foto obtida com exclusividade pelo GLOBO. Como o petista e a senadora não têm uma relação pregressa,
Alckmin atuou como um intermediário para inaugurar uma conversa entre os dois.
O ex-governador paulista e a senadora compartilham pensamentos políticos
semelhantes, e Alckmin é visto de fora como a figura que melhor representa o
centro democrático na campanha do petista.
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