05 outubro 2022

Simone + Lula

Tebet anuncia apoio a Lula para o segundo turno: 'Reconheço seu compromisso com a democracia'

Senadora, que almoçou com o ex-presidente nesta quarta-feira, entregou cinco sugestões que espera ver incorporadas ao programa de governo do petista e disse que "não cabe a omissão da minha neutralidade"; seu partido, o MDB, já havia liberado diretórios
Bianca Gomes e Lucas Mathias, O Globo

 

Terceira colocada na disputa pela Presidência, a senadora Simone Tebet (MDB) anunciou, em vídeo divulgado em suas redes sociais, que vai apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno. Mais cedo, ela já havia almoçado com o petista, em encontro na casa da ex-prefeita Marta Suplicy, em que entregou cinco sugestões que espera ver incorporadas ao programa de governo de Lula.

Ao anunciar seu apoio ao petista em seu discurso, Tebet afirmou que lançou sua candidatura à Presidência em meio a um clima de ódio, destacou seus mais de 4,9 milhões de votos na terceira colocação ao Planalto e disse "não estar autorizada a abandonar as ruas e as praças enquanto a decisão soberana, do eleitor, lhe autorizar".

— Pelo amor que tenho ao Brasil, à democracia e à Constituição, peço desculpas aos meus amigos que imploraram pela minha neutralidade, para dizer que o que está em jogo é muito maior que todos nós. Neste momento tão grave da nossa história, omitir-me seria trair minha história de vida pública. Não anularei meu voto, não votarei em branco, não cabe a omissão da minha neutralidade — disse a senadora.

Tebet também criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua gestão durante a pandemia, e disse que ainda mantém suas críticas a Lula, inclusive pelo pedido pelo "voto útil" na reta final da campanha presidencial.

— Depositarei nele o meu voto, porque reconheço seu compromisso com a democracia e com a Constituição, o que desconheço no atual presidente. Meu apoio não será por adesão, é por um Brasil que sonha, um Brasil de todos, com desenvolvimento sustentável, reformas estruturantes, que respeite o agronegócio e o meio-ambiente, e que defende ideias que espero ver acolhidas. Tendo sempre a responsabilidade fiscal e a âncora fiscal para atender o que é social — prosseguiu a senadora.

Entre as propostas sugeridas à campanha de Lula, Tebet defendeu medidas ligadas à educação, saúde, economia e renda, além de pedir o prosseguimento de projeto para igualar o salário entre homens e mulheres, e a igualdade racial (leia o manifesto na íntegra ao fim do texto).

— Quero finalizar dizendo que até 30 de outubro estarei na rua vigilantes. Minhas preces, por uma campanha de paz — concluiu a senadora.

Em entrevista à GloboNews, Tebet comemorou sua votação no pleito deste ano, apesar de seu desconhecimento. A senadora ressaltou que "seu amor pelo país não permite a neutralidade neste momento". Ela voltou a afirmar que, diferentemente de Lula, "o atual presidente não respeita a independência entre os Poderes". Tebet também reforçou a segurança das urnas eletrônicas e disse que, apesar de não ter contado com largo apoio político durante sua campanha, só precisa de "um caixote e um microfone".

Tebet também contou ter contestado, em conversa com o ex-presidente Lula, sua estratégia pelo "voto útil", que considera legítimo, mas não "sem apresentar propostas ao povo brasileiro". Ainda segundo ela, o apoio não se deu condicionado a cargos, mas pelo futuro do país.

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— Em nenhum momento foi apresentado o pleito por cargos e sequer aceitaria essa discussão. Não quero cargos, ministérios, mas quero o Brasil que seja para todos —

À colunista do GLOBO Vera Magalhães, Tebet já havia afirmado que sua decisão, de apoiar Lula, "não é por adesão, é por um projeto de país". Participaram do almoço nesta tarde também a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, mulher do petista, o candidato a vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o candidato ao governo paulista pelo PT, Fernando Haddad.

Antes de posar para foto ou gravar com Lula, porém, a senadora espera ter retorno do petista sobre as sugestões entregues a ele, ligadas à questão de gênero, como o compromisso de cotas para mulheres na composição do governo. Antes de oficializar o apoio, ela aguardava a postura de seu partido, o MDB, que liberou nesta manhã seus diretórios, filiados e dirigentes a se posicionarem como quiserem e decidiu manter a neutralidade.

Antes de oficializado, porém, o apoio foi pacificado no partido. Desde o início da campanha eleitoral, Tebet deixou claro que o principal adversário na disputa era o presidente Jair Bolsonaro (PL). Mas a projeção era de que a conversa com Lula definisse se o apoio à sua candidatura será protocolar e crítico ou se virá acompanhado de uma maior participação no processo eleitoral, afirmam pessoas próximas à senadora.

Nesta terça-feira, antes de se encontrar com Lula, Tebet esteve com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), também na capital paulista, como mostra foto obtida com exclusividade pelo GLOBO. Como o petista e a senadora não têm uma relação pregressa, Alckmin atuou como um intermediário para inaugurar uma conversa entre os dois. O ex-governador paulista e a senadora compartilham pensamentos políticos semelhantes, e Alckmin é visto de fora como a figura que melhor representa o centro democrático na campanha do petista.

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