Abuso de poder: governo gastou R$ 68 bilhões por eleição de
Bolsonaro
Mesmo com tamanho uso da
máquina, a economia regrediu 1,13% em agosto
André
Cintra, Vermelho www.vermelho.org.br
As medidas
eleitoreiras do governo Jair Bolsonaro (PL) custaram aos cofres públicos pelo
menos R$ 68 bilhões, conforme levantamento do jornal Valor Econômico.
Lançadas entre o fim da a pré-campanha e o início da campanha eleitoral, as
ações tinham o objetivo de diminuir a rejeição do presidente Jair Bolsonaro –
sobretudo entre a população de baixa renda – e melhorar suas perspectivas
eleitorais.
A Emenda à
Constituição (EC) 123, chamada de “PEC do Desespero” e “PEC das Bondades”, foi
a maior aposta da gestão bolsonarista, ao turbinar temporariamente o Auxílio
Brasil, dobrar o vale-gás e conceder um voucher para caminhoneiros e taxistas.
Do ponto de vista eleitoral, Bolsonaro viu sua popularidade avançar
ligeiramente, mas segue atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas
de intenção de voto. Por isso, o governo estuda “novos anúncios nos próximos
dias em relação à oferta de crédito e na área tributária”.
Da parte da
campanha de Lula, é esperado que o Ministério Público Eleitoral coíba tais
práticas de crime de abuso de poder econômico. O Novo chegou a recorrer ao STF
(Supremo Tribunal Federal) com uma ação que acusa Bolsonaro de, por meio da EC
123, “afrontar o direito ao voto direto, secreto, universal e periódico, ao
criar gratuidade em ano eleitoral. Os benefícios levariam a condições desiguais
de competição”.
Mesmo com tamanho
uso da máquina, a economia regrediu no período. Em agosto, houve uma queda de
1,13% no Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), uma prévia do
PIB. Foi o maior recuo do indicador desde março de 2021, quando a pandemia de
Covid-19 estava no auge. Ouvido em anonimato pelo Valor, um
ex-diretor do Banco Central (BC) confirma que as medidas “tiveram fim
eleitoral”, mas “nenhuma lógica econômica”, deixando, sim, “um buraco fiscal
imenso”.
Para o professor
Marco Antônio Rocha, professor do Instituto de Economia da Unicamp e
especialista em Estudos Industriais, o resultado do IBC-Br era previsível.
“Essas medidas são de curto prazo e têm pouca capacidade de promover um ciclo
de crescimento econômico no Brasil”, declarou Rocha ao Brasil de Fato.
“Apesar de a retração ter sido bem significativa, não foi surpreendente.”
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disputa eleitoral https://bit.ly/3yRt6ZU
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