Desbaratar a organização criminosa bolsonarista é questão
inadiável
Enio Lins www.eniolins.com.br
Até
anteontem havia quem defendesse a tese de que o
bolsonarismo era um movimento político de extrema-direita, e até a absurda
fundamentação de que seria uma tendência “nacionalista” era aventada. Mas, no
domingo o penico do Jair esborrou, espalhando mundo afora o dejeto que sempre
foi.
Enquanto estrutura, o bolsonarismo é uma organização criminosa. Politicamente
se posiciona à extrema-direita, ou à direita, pode ser até do centro quando lhe
convém, usa a fraseologia nacionalista como uma tanga de filó para encobrir as partes
pudendas. Esse organismo nojento não deve ser entendido como o eleitorado do
falso messias, nem mesmo como os partidos que o abrigaram. A política não pode
ser criminalizada.
É o bolsonarismo algo além do voto, é uma adesão em massa a um
ex-militar que virou miliciano, ex-capitão inimigo da hierarquia e da
disciplina, cidadão visceralmente covarde, político profissional demagógico
envolvido em esquemas de corrupção (a rachadinha é a pontinha do iceberg). Não
poderia dar noutra coisa, é um ser que nem evoluiu, apenas inchou – como um
baiacu do mal. Não podia, nem pode, ser diferente.
Mesmo escondido na Disney ou na lua, o mito é a inspiração, a motivação
da enorme quadrilha formada em torno de seu nome. Dele vem a orientação, mesmo
sob aparente silêncio. O núcleo intermediário, centro dirigente da Organização
Criminosa, conforme se apresenta sem pudor nem temor, é formado pela família
(os filhotes 01, 02, 03 e 04), por financiadores endinheirados, e por
integrantes deletérios nas polícias e nas forças armadas.
Para a vandalização de Brasília, no domingo, as hordas bolsonazistas
tiveram apoio – às vezes discreto, às vezes explícito – de parte das forças
policiais, de parte das autoridades constituídas, de parte do empresariado, e
de alguns veículos de mídia aberta. Não foi uma ação tresloucada de milhares de
vagabundos que se articularam por si mesmos. A operação criminosa foi urdida
centralmente manu militari, tecida com método, farto financiamento, estrutura
de segurança logística e plena confiança da impunidade.
Ninguém se iluda: novos atos terroristas estão no forno, alguns anunciados,
como os bloqueios às refinarias. Caso a reação do Estado de Direito à barbárie
de Brasília não seja dura e exemplar, à altura da agressão sofrida, e se a
organização criminosa bolsonarista não for desbaratada, o Brasil viverá anos
sob o terror de uma extrema-direita miliciana que hoje, sem dívida, é a maior
do mundo. [Ilustração: Vandalismo na "Noite
dos Cristais", baderna feita nazistas "patrióticos", na
Alemanha, em 1938 - antecipação da bagunça feita pelos bolsonaristas em Brasília]
Movimento
democrático amplo e ativo pode vencer golpismo https://bit.ly/3Ye45TD
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