Palavra de poeta
BALADA DA PALAVRA E DO SILÊNCIO
Maurílio Rodrigues*
Diante do silêncio
A palavra se espanta,
Recua, e até pede perdão,
Por importuná-lo.
Mas, ela reserva a vontade,
De falar e ser ouvida.
Para ela, isso é o principal,
Ganhar os confins do mundo.
A palavra tem a necessidade
De emergir e colocar-se
Acima do céu, e do silêncio,
Para, então, alcançar o mundo.
E o silêncio o que faz
Com o mundo?
Torna-o trágico e triste,
Como os campos inundados.
A noite chega,
E torna o silêncio refém,
Nas ruas e nos quartos,
Sem fazer diferença.
Por logos momentos,
O silêncio ocupa nosso espaço,
Mistura-se à escuridão,
Que sempre lhe dá abrigo.
As noites do sul,
Não diferem das do norte,
São feitas de horas pesadas,
E portas trancadas.
As palavras que surgem
Dos escombros silenciosos,
Geralmente são amargas,
Ou gritos de sofrimento.
[Ilustração: Imagem produzida em IA]
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