19 setembro 2025

Editorial do 'Vermelho'

Barrar o contra-ataque da direita
Anistia a Bolsonaro avança na Câmara. Derrotar essa nova trama golpista é a grande tarefa das forças democráticas, patrióticas e populares
Editorial do Vermelho 
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A aprovação na Câmara dos Deputados, na quarta-feira (17), da urgência para o projeto que prevê anistia a quem participou de atos golpistas é uma contraofensiva à condenação de Jair Bolsonaro e demais integrantes do “núcleo crucial” da organização criminosa golpista, uma articulação da extrema-direita e da direita, em sintomia com os ataques do presidente estadunidense, Donald Trump. A manobra pode levar a anistia a Bolsonaro e a seus comparsas, gerando forte indignação e revolta na opinião pública democrática do país.

A trama golpista da anistia ainda não possui texto concreto, fato que mostra o processo como uma batalha em andamento. Caso a proposta passe na Câmara, no Senado enfrentará resistências, a começar pelo presidente, Davi Alcolumbre (União-AP). E, em última instância, pelo veto do presidente Lula. Ou seja: caso essa trama golpista siga adiante, haverá uma crise institucional, o conflito entre os poderes Legislativo e Judiciário, este com apoio do Executivo.

O consórcio reacionário aprovou também a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, proibindo a abertura de ações criminais contra deputados e senadores sem autorização do parlamento. É uma espécie de escudo, incluindo o voto secreto para autorizar a abertura desses processos. Mesmo setores da direita protestaram, revelando contradições nesse campo.

A PEC precisa tramitar no Senado e certamente será questionada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que já se manifestou pelo ministro Dias Toffoli pedindo, no prazo de dez dias, informações à Câmara dos Deputados. No STF, uma maioria informal, já perceptível, tem a convicção de que a anistia é inconstitucional.

A defesa da democracia se impõe com mais urgência diante dessas manobras. Derrotar a trama da anistia é condição básica para que Bolsonaro e seus comparsas sejam exemplarmente punidos, além de firmar a convicção de que qualquer tentativa de golpe é inaceitável. A anistia seria a vitória do conluio armado contra Brasil por Trump, o clã Bolsonaro e a extrema-direita contra os direitos do povo, a democracia e a soberania nacional.

Derrotá-la é a grande tarefa das forças democráticas, patrióticas e populares, por meio de um forte movimento nacional contra o complô orquestrado por Trump e os traidores da pátria, inclusive outras figuras originárias do bolsonarismo, como o governador paulista Tarcísio de Freitas. O centro desse movimento é a mobilização do povo, a batalha das ruas, em articulação com setores democráticos do Congresso para além da base de apoio governo Lula, a busca de apoios no campo da centro-direita para neutralizar e isolar extrema-direita bolsonaristas e os demais segmentos a ela vinculado.

Na batalha das ruas, tem grande relevância as manifestações de domingo (21) contra a PEC da Blindagem e a anistia. A indignação que se manifesta com força nas redes sociais deve transbordar nas ruas, avenidas e praças para derrotar essas duas agressões à democracia.

A pressão das ruas e as articulações com o campo democrático no Congresso Nacional devem convergir para a entrada na ordem do dia da pauta que o Brasil precisa: isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, taxação dos supere ricos, PEC da Segurança Pública, redução da jornada 6×1, aporte de recursos para preservar as empresas e empregos alvejados pelo tarifaço Trump-Bolsonaro e novos programas sociais.

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