Ciência e inovação para um Brasil mais
competitivo e soberano
Novos tempos poderão ajudar a estabelecer uma
cultura tecnológica de longo prazo, garantindo soberania econômica e científica.
País precisa se reafirmar para transformar em ações concretas o seu direito de
inovar e produzir conhecimento
Luciana Santos, Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e
Luiz Antonio Elias, Presidente da Financiadora de
Estudos e Projetos (Finep/MCTI)/Folha de S. Paulo
Vivemos uma conjuntura de transformações estruturais profundas: a transição energética global, a emergência climática e a disrupção tecnológica acelerada, consequência da inteligência artificial, computação quântica, biotecnologia e automação avançada. Somado a esse mundo em rápida transformação, presenciamos uma turbulência geopolítica e no comércio internacional sem precedentes nas últimas décadas, testando a soberania dos países mais diretamente atingidos.
É nesse contexto que o Brasil precisa
se reafirmar e agir para transformar em ações concretas o seu direito de
inovar, produzir conhecimento e transformá-lo em desenvolvimento soberano.
Em meio a essa conjuntura histórica,
o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou o projeto de
lei 847/2025, que fortalece o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (FNDCT), gerido pela Finep (Financiadora de Estudos e
Projetos) e principal instrumento federal de financiamento à pesquisa, ao
desenvolvimento tecnológico e à inovação. Este é um marco estratégico para o
futuro do país.
O FNDCT tem demonstrado sua
capacidade de conectar universidades e empresas, apoiar a inovação da
iniciativa privada, fomentar talentos, expandir a infraestrutura científica
nacional e mobilizar conhecimento em áreas como saúde, energia, meio ambiente,
agricultura, defesa nacional, agricultura familiar e economia solidária.
A nova lei
garante instrumentos de longo prazo e amplia recursos para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a Finep. A medida também
reforça o vínculo entre a política industrial, sobretudo da Nova Indústria
Brasil (NIB), e o sistema nacional de ciência e tecnologia.
Já antes da nova lei, desde 2023, o
presidente Lula vem reforçando o MCTI para a reconstrução de uma agenda que
resgata a centralidade da CT&I como motor da transformação social e
econômica do Brasil. Os números comprovam a nova política: nos últimos dois
anos e meio, a Finep apoiou mais de 2.795 projetos alinhados à NIB, com um volume
total contratado de R$ 32 bilhões (R$ 6,6 bilhões como contrapartida das
empresas).
Com a nova lei, até 2026, a Finep
deve saltar dos R$ 51 bilhões, previstos para o financiamento a projetos
aderentes à NIB, para R$ 70 bilhões. Esse será um volume de recurso histórico.
O avanço não foi resultado de ações
isoladas. A integração nacional das universidades, institutos e empresas, e a
estreita parceria com instituições como o BNDES e as Fundações Estaduais de
Apoio foram essenciais para ampliar a capilaridade e a eficiência do
investimento, fazendo com que o conhecimento e os recursos alcancem todas as
regiões do país.
É bom ressaltar que, além do crédito,
os recursos não reembolsáveis ampliam e diversificam o apoio à inovação. De
2023 a 2025, o FNDCT tem previsão de alocação de mais de R$ 18 bilhões nessa
modalidade de recursos, destinados majoritariamente a instituições de pesquisa
do país, o que representa acréscimo de 240% com relação a todo o período do
governo anterior. Esse apoio permitiu o investimento em infraestrutura em todas
as universidades federais, a acervos científicos, projetos na amazônia, o
acelerador de partículas Sirius e o Reator Multipropósito, entre muitos outros.
A alocação de recursos do FNDCT, ao
qual se junta o volume extra advindo com a nova lei, simboliza a crença na
ciência e na inovação como propulsora da melhoria da vida da população e da
economia nacional. Estes novos tempos poderão ajudar a estabelecer uma cultura de inovação de longo prazo no
nosso país, garantindo nossa soberania econômica, tecnológica e científica.
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