09 setembro 2025

Minha opinião

Pacificar o quê?
Luciano Siqueira 
instagram.com/lucianosiqueira65

Tem "analista" político na grande mídia discutindo se o julgamento de Bolsonaro e seu grupo golpista poderia ou não pacificar o país.

Conversa para menino dormir! 

Primeiro, porque se trata de um processo judicial cujo desenlace — é o que se espera — deve refletir o espírito da lei. No caso, proteção pelo atentado ao Estado de Direito democrático via conspiração golpista documentada em toda a fase investigatória, na denúncia oferecida pela Procuradoria Geral da República, durante o interrogatório dos réus e agora no julgamento. Nem o ex-presidente da República, nem os seus ex-ministros processados, ​​de viva voz ou através da defesa formulada pelos seus advogados puderam comprovar a inocência. 

Em segundo lugar, porque a trama golpista é um episódio dentre muitos que configuram um debate de grandes proporções entre a extrema direita neofascista versus correntes democráticas e progressistas. Na base desse debate, contradições objetivas na sociedade brasileira que colocam em lados opostos uma minoria privilegiada (empolgada especialmente pelo capital financeiro e o grande agronegócio exportador) e o proletariado e a grande massa trabalhadora, que formam a maioria da população. 

A forma como esse conflito se expressa hoje, em grande parte marcada pelo sectarismo e pelo ódio disseminado pelas redes manipuladas pelas Big Techs a serviço da direita, tem como polo provocador o neofascismo emergente na grande parte do mundo ocidental e em nosso país. 

Não caberia, é óbvio, ao STF tomar assim algum gesto que porventura pudesse ser considerado "apaziguador" do conflito social e político. Nem é a sua atribuição, nem estaria ao seu alcance. 

O mundo e o Brasil atravessam uma época de exaustão do sistema capitalista dominante e, em consequência de acirramento do conflito de classes, na esfera política se expressa de muitas formas — inclusive pela radicalização verbal artificializada e na absoluta falta de diálogo entre polos opostos. 

É a realidade — sobre como todos os que defendem a democracia e a soberania do país devem atuar, buscando consistência de conteúdo e respeito às diferenças. Sigamos em frente.

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