08 setembro 2025

Palavra de poeta

Espiral
Mia Couto     

No oculto do ventre,
o feto se explica como o Homem:
em si mesmo enrolado
para caber no que ainda vai ser.


Corpo ansiando ser barco,
água sonhando dormir,
colo em si mesmo encontrado.


Na espiral do feto,
o romance do afeto
ensaia o seu primeiro infinito.

[Ilustração: Joan Miró] 

Leia também: "Dá-me a tua mão", poema de Clarice Lispector  https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/08/palavra-de-poeta_27.html 

Nenhum comentário: