De noite, na cama
Síndico em Santa Catarina
proíbe sexo depois das 22h. Queria vê-lo fazer isso
tendo Zé Kéti entre seus condôminos
Ruy Castro/Folha de
S. Paulo
São medidas
deliciosamente contraditórias. Significa que relações sexuais em voz alta,
incluindo gemidos, serão bem-vindas até 21h? Se os sensores de áudio se
destinam a captar os suspiros e sussurros das relações, isso não contraria o
mérito da questão, que se refere aos frêmitos em voz alta? A apresentação dos
áudios nas reuniões, que se supõem humilhantes para os praticantes do fux-fux,
não terá um efeito pedagógico para os casais residentes que se limitam ao
papai-mamãe? E é claro que a multa de R$ 237 em caso de reincidência será paga
alegremente pelo dito reincidente —uma noitada num motel custa muito mais.
A reincidência
também comporta especulações. Se o morador for advertido depois de uma primeira
relação, será multado se der uma segunda dali a uma hora? E as mulheres que têm
sonoros orgasmos múltiplos num único ato? Quantas multas isso custará?
Em 1968,
morando no Solar da Fossa, tive como vizinho o grande sambista Zé Kéti, autor
de, por acaso, "Malvadeza
Durão". Todas as noites, justamente às 22h, ele e sua namorada
começavam a função, com estrondos e alaridos que atravessavam a parede do meu
apartamento. Não ouso descrever os espasmos de deleite da garota, nem dizer em
quantos decibéis. Mas tinha-se a impressão de que estavam jogando cofres e
cômodas um no outro. Era sensacional.
Ao saber
dessas performances, outros moradores do Solar vinham ao meu quarto para
escutar Zé Kéti em ação. Eram tantos que comecei a cobrar ingresso.
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Leia: Falava muito pouco, mas fazia o Brasil inteiro rir https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/08/um-estilo-unico.html

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