Dos salões para as ruas*
Luciano
Siqueira
instagram.com/lucianosiqueira65
O ato público da última segunda-feira, no teatro da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (TUCA), a propósito do Dia Internacional da
Democracia, guarda muitos significados.
Em recinto fechado, sim; em local marcado por tradição de luta
libertária construída ao longo das últimas décadas.
Amplo: representantes de diversos segmentos da sociedade — políticos,
religiosos, acadêmicos, artísticos — expressaram com nitidez suas convicções na
defesa da democracia e da soberania nacional.
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, a presidente da UNE,
Bianca Borges, o reitor Vidal Serrano Nunes, da PUC, dentre muitos manifestaram
elevada compreensão acerca do momento presente e da dimensão da luta.
Dirigentes partidários, como Walter Sorrentino, vice-presidente nacional
do PCdoB, sublinharam a natureza estratégica da resistência democrática.
Destaque para Almino Affonso, ex-ministro da Educação no governo João
Goulart, militante persistente aos 96 anos.
A resultante política certamente ultrapassa o horizonte do ato em si,
que semeia possibilidades em seus desdobramentos.
No atual estágio da mobilização social, eventos dessa natureza além de
darem consistência à convergência de ideias, arregimentam energias para que
possam, adiante, desembocar em grandes manifestações populares em praça
pública.
Um detalhe relevante, pois o movimento democrático e popular brasileiro
ainda não conseguiu encontrar caminhos e formas de superação da nova realidade
dos trabalhadores e das grandes massas populares, na qual nem sempre é fácil
colocar grandes contingentes de ativistas em praça pública.
O voluntarismo puro e simples não dá conta do desafio. Nem a mera
reprodução de formas de luta e de mobilização mais afeitas ao ascenso do
movimento do que ao momentâneo descenso.
A consigna "nas redes e nas ruas" é insuficiente porque omite
a necessária etapa da mobilização mais qualificada, destinada a consolidar a
convergência de opiniões e a disposição comum em por em ação grandes parcelas
do povo.
Melhor propor "nas redes, nos salões e nas ruas".
*Texto da minha coluna semanal no portal Vermelho
Na foto, no telão, Walter Sorrentino, vice-presidente nacional do PCdoB
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