08 dezembro 2025

Palavra do PCdoB: a guerra da comunicação


O domínio dos instrumentos de comunicação sempre foi um elemento central para a disputa do poder político e ideológico. A cada salto tecnológico, a forma como a comunicação se arquiteta determina um novo padrão para estruturar a hegemonia das ideias das classes dominantes. Atualmente, o modelo de comunicação está estruturado, principalmente, em plataformas de propriedade de grandes monopólios de tecnologia e inovação, quase todos dos Estados Unidos. As big techs, com bilhões de usuários, 25 produzem e reproduzem diariamente conteúdos de forma dispersa. Há uma aparente e falsa liberdade, pois o bloqueio e a circulação dos seus conteúdos são regidos, direcionados, de forma automatizada por determinados tipos de algoritmos para servir a projetos e interesses políticos e econômicos das classes dominantes. Nesse ambiente, há uma polarização e desintegração do debate público em grupos, as chamadas bolhas. O conteúdo não é produzido para o debate amplo sobre temas de interesse público, mas para uma audiência específica, com o propósito de alimentar visões de mundo e manter articulado e engajado um grupo político. Criou-se uma situação propícia para a disseminação de notícias falsas, de discurso de ódio e de teorias da conspiração, amálgama para o crescimento e fortalecimento da extrema-direita e para minar as bases do Estado Democrático de Direito. 

Da Resolução Política do XVI Congresso do PCdoB “Vitória do Brasil em 2026. Mudanças para o desenvolvimento soberano”

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Leia também: A disputa mar e terra pela geopolítica dos dados https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/12/uma-nova-dimensao-da-geopolitica.html 

Fotografia

 

Hélia Scheppa

"Motivo", um poema de Ana Cristina Leonardos https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/11/palavra-de-poeta_23.html 

China cresce

China supera US$ 1 tri de superávit e desafia tarifas impostas pelos EUA
Resultado histórico reflete o avanço do comércio com Ásia, África e Europa e a retração nas trocas com os EUA, em um ano em que o superávit chinês atingiu US$ 1,08 trilhão em onze meses
Lucas Toth/Vermelho   

A China alcançou entre janeiro e novembro de 2025 um superávit comercial de 1,08 trilhão de dólares, alta de 21,7% em relação ao mesmo período de 2024, segundo dados divulgados na última sexta-feira (5) pela Administração Geral das Alfândegas. 

É a primeira vez que um país supera a marca de um trilhão de dólares em apenas onze meses, um resultado que reforça a força estrutural da economia chinesa em meio à escalada tarifária dos Estados Unidos sob o governo Donald Trump.

“O protecionismo não pode resolver os problemas causados pela reestruturação industrial global, mas apenas piorará o ambiente internacional para o comércio”, disse o presidente do país, Xi Jiping, após a publicação do resultado.

Em entrevista nesta segunda-feira (8) o ministro do Comércio, Wang Wentao, também comentou o resultado ao afirmar que a China “continuará a impulsionar vigorosamente o consumo e a expandir sua abertura de alto padrão para sustentar o desenvolvimento de alta qualidade do país”. 

A declaração reforça o diagnóstico oficial de que a política de integração comercial e fortalecimento do mercado interno permanece no centro da estratégia chinesa para atravessar o ambiente internacional marcado por disputas geoeconômicas.

Ele afirmou que a estratégia econômica para 2026 combina abertura ampliada, estímulo ao mercado interno e consolidação das exportações, em linha com as diretrizes do 20º Comitê Central do Partido Comunista da China.

Os dados mostram que a expansão se apoia em três blocos geoeconômicos centrais. O comércio com a ASEAN — grupo formado por dez países do Sudeste Asiático e integrado a uma das cadeias industriais mais interligadas do mundo com a China — chegou a 6,82 trilhões de yuans (cerca de US$ 963 bilhões), aumento de 8,5% no período e reafirmação de seu papel como principal parceira comercial de Pequim.

As relações com os países da Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI) também registraram avanço, com alta de 6% entre janeiro e novembro. O fluxo bilateral somou 21,33 trilhões de yuans (cerca de US$ 3,01 trilhões), o que representa 51,8% de todo o comércio exterior chinês no período. 

Na prática, mais da metade das trocas internacionais da China já ocorre dentro da rede de integração estruturada por Pequim na Ásia, África, Oriente Médio e parte da América Latina, um movimento que reforça a reorientação geoeconômica acelerada desde o início da disputa tarifária com os Estados Unidos.

Já o fluxo com a União Europeia subiu 5,4%, totalizando 5,37 trilhões de yuans, cerca de US$ 758 bilhões, mesmo diante de alertas de governos europeus sobre a ampliação da presença de produtos chineses no mercado regional.

A combinação de expansão dos mercados na Ásia, África, Oriente Médio e Europa contrasta com a queda de 16,9 por cento no comércio bilateral com os Estados Unidos. 

Segundo a Reuters, o movimento tem sido amplificado pelo “desvio de comércio” que direciona bens chineses para mercados alternativos como resposta às barreiras tarifárias impostas por Trump. A demanda internacional por máquinas elétricas, semicondutores, automóveis e produtos de alto valor agregado sustentou o salto exportador e elevou a participação desses segmentos a 60,9 por cento das vendas externas totais.

[Qual a sua opinião?]

Contradições aguçadas no mundo https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/11/palavra-do-pcdob.html 

Humor de resistência

 

Hector

Leia: "Miolo de pote" https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/10/minha-opiniao_84.html 

Minha opinião

A morte e a infelicidade do ministro japonês
Luciano Siqueira 

instagram.com/lucianosiqueira65

Verdade que a relação do homem com a morte ganha traços diferenciados conforme as múltiplas culturas e crenças espalhadas mundo afora. Os orientais têm fama de enfrentarem o inevitável fim da existência individual com muito mais serenidade do que nós outros habitantes do hemisfério ocidental. Aqui o indefectível evento é encarado dramaticamente.

Falta dizer que lá como cá sobre a morte se diz o que é razoável e também disparates, sobretudo quando o ser falante ocupa função pública e se deixa levar por rompantes inadequados.

Célebre é a afirmativa atribuída a Agamenon Magalhães “Quem não puder viver, morra”, negada pelos seus biógrafos. 

Na última segunda-feira, 21, em Tóquio, o ministro das Finanças japonês, Taro Aso, foi até mais enfático – e, segundo as agências de notícias, não pode negar o dito. Afirmou que deve ser permitido o idoso "apressar-se e morrer", ao invés de continuar, com sua indesejada (sic) existência, onerando o governo para cuidados médicos dispendiosos.

Ironicamente, Aso, que acumula o cargo de vice-primeiro ministro, ostenta bem vividos 72 anos de idade, o que obviamente o inclui entre os idosos. E não teve pejo em asseverar, em reunião do Conselho Nacional de Reformas da Segurança Social: "Deus nos livre se você é forçado a viver quando você quer morrer. Você não pode dormir bem quando você pensa que está tudo pago pelo governo", completou. "Isso não vai ser resolvido, a menos que você deixá-los se apressar e morrer", disse ele – segundo nota da Agência France Press. E, talvez para tranquilizar os presentes, anunciou: "Eu não preciso desse tipo de atendimento. Vou morrer rapidamente".

Faltou o indigitado e infeliz ministro esclarecer se pretende encurtar sua infeliz existência mediante o suicídio, nem qual método usará.

O danado é que seu país, o Japão, ostenta um quarto de sua população, estimada em 128 milhões de viventes, justamente na faixa dos 60 anos e mais.

No Brasil, os idosos somam aproximadamente 20 milhões. Imagine se altas autoridades da República seguirem o exemplo do senhor Aso e passarem a defender tese semelhante? Em matéria de atitude desastrosa, tudo é possível, embora não creia que isso venha a acontecer entre nós. Mas, como gato escaldado tem medo de água fria, apresso-me em concitar meus compatriotas de 60 anos e mais a nos unirmos em defesa prévia contra a tentativa de nos imporem o abreviamento dessa coisa fantástica que é a vida.

Crônica publicada no Blog da revista Algomais em janeiro de 2013

Leia também: Palavra é bicho solto e combate as estruturas de opressão https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/04/cida-pedrosa-opina.html 

Palavra de poeta

Sedução
Bruna Lombardi   

Dentro de mim mora o animal
indômito e selvagem
que talvez te faça mal

talvez uma faísca
relâmpago no olhar
depressa como um susto
me desmascare o rosto
e de repente deixe exposto
o meu pior

em mim germina
uma força perigosa
que contamina
uma paixão vulgar
que corta o ar e que
nenhum poder domina

explode em mim
uma liberdade que te fascina
sopro de vida
brilho que se descortina
luz que cintila, lantejoula
purpurina
fugaz como um desejo
talvez te mate
talvez te salve
o veneno do meu beijo.

[Ilustração: Georges Pierre Seurat]

Leia também: "O baile", poema de Cida Pedrosa https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/08/palavra-de-poeta_18.html 

Sylvio: pelos mais pobres

Segundo o IBGE, o Brasil chegou aos menores níveis de pobreza e extrema pobreza desde 2012. É o resultado de política adotada pelo governo Lula, voltado para o atendimento prioritário dos mais pobres.

Sylvio Belém 

Leia: A disputa mar e terra pela geopolítica dos dados https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/12/uma-nova-dimensao-da-geopolitica.html