PCCh defende multilateralismo e solidariedade
Sul–Sul em Congresso do PCdoB
Representante do Partido Comunista da China destaca
cooperação entre China e América Latina e apresenta as Iniciativas Globais do
presidente Xi Jin ping
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Diante das tensões geopolíticas e da ofensiva unilateralista no cenário mundial, o multilateralismo, a solidariedade Sul –Sul e a cooperação entre China e América Latina são fundamentais. Foi o que defendeu, nesta sexta-feira (17), Wang Jialei, representante do Departamento Internacional do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh), em intervenção aos delegados do 16º Congresso do PCdoB.
Vinte e seis organizações internacionais participam do encontro, em
Brasília. O representante do PCCh também apresentou as Iniciativas Globais
lançadas pelo presidente Xi Jinping — de Governança, Desenvolvimento, Segurança
e Civilização — como pilares de uma nova ordem internacional mais justa e
equilibrada.
Confira o discurso de Wang Jialei na íntegra:
Companheiras e companheiros:
Boa tarde a todas e todos.
É uma grande honra para mim participar, em nome do Departamento
Internacional do Partido Comunista da China (PCCh), do 16º Congresso Nacional
do PCdoB e integrar o debate temático desta tarde. Quero aproveitar esta
oportunidade para expressar meu sincero agradecimento ao PCdoB por seu gentil
convite e calorosa recepção, bem como felicitar pela abertura do seu 16º
Congresso Nacional.
Atualmente, a situação internacional passa por transformações e
convulsões interconectadas, com frequentes conflitos geopolíticos. O
ressurgimento do unilateralismo e do conservadorismo agita as águas globais,
enquanto práticas hegemônicas e de intimidação causam danos profundos. Certas
potências insistem em formar círculos fechados e excludentes, minando
arbitrariamente as normas internacionais sob o lema de “primeiro o seu país”.
Com ações recorrentes, como a violação de tratados e o abandono de organismos
multilaterais, impõem tarifas abusivas e sanções ilegítimas para sustentar sua
hegemonia. Isso cor rói gravemente o sistema internacional centrado na ONU e a
ordem baseada no direito internacional, prejudicando os interesses de numerosos
países em desenvolvimento, incluindo a América Latina e a China.
Neste momento crítico, em que a governança global avança contra a
corrente — e em que, se não avançamos, retrocedemos —, o presidente Xi Jinping propôs recentemente a
Iniciativa para a Governança Global, oferecendo soluções com
características chinesas para os desafios contemporâneos: “Que modelo de
sistema de governança global devemos construir e como reformá-lo?”
Os pilares fundamentais dessa Iniciativa são: o respeito à igualdade
soberana, o cumprimento irrestrito do Direito Internacional, a implementação do
multilateralismo, a priorização do desenvolvimento humano e o foco em
resultados concretos.
Esses princípios estão em plena consonância com os propósitos e normas
da Carta das Nações Unidas, reforçam o papel central da ONU na arquitetura
global e incentivam os países a participar da reforma e da construção do
sistema de governança global por meio de mecanismos multilaterais, como a própria
ONU, para responder de maneira mais eficaz aos desafios da nossa era.
A Iniciativa para a Governança Global, junto com as Iniciativas para o
Desenvolvimento Global, a Segurança Global e a Civilização Global, propostas
anteriormente pelo presid ente Xi, formam os quatro pilares para a construção
de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade. Essas iniciativas
apontam o caminho para um mundo multipolar baseado na igualdade
e na ordem, para uma globalização econômica inclusiva e mutuamente benéfica, e
têm recebido amplo reconhecimento e resposta positiva da comunidade
internacional, incluindo os países latino-americanos.
Embora a China e a América Latina estejam geograficamente distantes,
seus destinos estão estreitamente ligados. A cooperação sino-latino-americana
avança de forma firme, apesar do complexo cenário internacional, entrando em
uma nova era caracterizada pela igualdade, benefício mútuo, inovação, abertura
e bem-estar para nossos povos.
Diante do ressurgimento da mentalidade da Guerra Fria e das tentativas
de “erguer muros” para dificultar a cooperação entre China e América Latina, a
China tem mantido com firmeza os princípios de respeito mútuo, igualdade e
benefício recíproco, bem como de abertura, inclusão e cooperação de ganhos
compartilhados. Apoia de forma decidida a América Latina em seu caminho de
desenvolvimento de acordo com as suas condições nacionais, na defesa da
soberania e na resistência a interferências externas, respaldando a região como
uma Zona de Paz e livre de armas nucleares.
Ambas as partes, em sintonia com os avanços da globalização econômica,
têm promovido a cooperação prática em áreas como comércio, investimento,
finanças, tecnologia e infraestrutura. No âmbito da Iniciativa Cinturão e Rota,
já foram implementados mais de 200 projetos de infraestrutura na América
Latina, gerando milhões de empregos.
China e América Latina têm demonstrado solidariedade recíproca e
enfrentado juntas as crises. Durante a pandemia de COVID-19, a China foi a
primeira a fornecer à região 300 milhões de doses de vacinas e quase 40 milhões
de equipamentos médicos de emergência, além de enviar diversas equipes médicas
para proteger a saúde de milhões de pessoas.
Nos fóruns multilaterais, ambas as partes têm mostrado cooperação sólida
para enfrentar os desafios globais. O “Consenso de Seis Pontos”, copatrocinado
por China e Brasil como proposta de solução política para a crise na Ucrânia,
recebeu o apoio ativo de mais de 110 países.
Na IV Reunião Ministerial do Fórum China–CELAC, realizada em
maio deste ano, o presidente Xi Jinping anunciou o lançamento dos
“Cinco Programas” — Unidade, Desenvolvimento, Civilização, Paz e Vínculos entre
os Povos —, concebidos para impulsionar o desenvolvimento da região. O
presidente Xi enfatizou que, “Independentemente de como evolua o panorama
internacional, a China sempre será uma bo a amiga e parceira dos países
latino-americanos.”
Como disse o presidente Xi, “Para aqueles que
compartilham ideais, nem montanhas nem mares são distância.”
Tanto a China quanto a América Latina são membros importantes do Sul
Global, parceiros naturais na promoção da multipolarização mundial e da
democratização das relações internacionais. A independência e a
autodeterminação são nossa gloriosa tradição; o desenvolvimento e a
revitalização, nosso direito natural; e a equidade e a justiça, nossa aspiração
comum.
Diante dos novos desafios, devemos seguir o curso da história, unir as
forças poderosas da cooperação Sul–Sul e promover a construção de uma
comunidade de futuro compartilhado para a humanidade.
Em primeiro lugar, devemos insistir no benefício mútuo e rejeitar os
jogos de soma zero, sendo contribuintes para o desenvolvimento global. Erguer
muros apenas nos isola, enquanto abrir caminhos permite alcançar ganhos
compartilhados. Devemos nos opor a todas as formas de unilateralismo,
protecionismo e medidas discriminatórias ou excludentes, defendendo firmemente
o sistema multilateral de comércio, a estabilidade das cadeias globais de
produção e fornecimento e um ambiente internacional de cooperação aberta.
Em segundo lugar, devemos insistir na convivência pacífica e rejeitar a
divisão e o confronto, sendo construtores da paz mundial. É necessário aderir
ao conceito de segurança comum, integral, cooperativa e sustentável,
preservando conjuntamente a paz e a segurança globais. As diferenças e disputas
entre países devem ser resolvidas por meios pacíficos, opondo-nos ao abuso de
sanções unilaterais e à “jurisdição de braço longo”, assim como ao uso ou à
ameaça do uso da força.
Em terceiro lugar, devemos insistir no intercâmbio igualitário e
rejeitar o choque de civilizações, sendo promotores do aprendizado mútuo entre
culturas. É fundamental respeitar a diversidade das civilizações mundiais,
praticando a igualdade, o diálogo, o aprendizado mútuo e a inclusão entre civilizações,
aprofundando os intercâmbios culturais sino-latino-americanos em prol do
progresso comum. Devemos promover os valores universais da humanidade — paz,
desenvolvimento, equidade, justiça, democracia e liberdade — sem impor valores
ou modelos próprios, nem fomentar confrontos ideológicos.
Em quarto lugar, devemos insistir na consulta, na construção conjunta e
no benefício compartilhado, rejeitando a hegemonia e a intimidação, sendo
guardiões da ordem internacional. É essencial garantir que todos os países
tenham igual direito de participar dos assuntos internacionais, assegurar a
aplicação uniforme do direito e das normas internacionais, e rejeitar os duplos
padrões e a imposição das “regras domésticas” de um pequeno grupo de países. Os
assuntos internacionais devem ser resolvidos por meio de consultas conjuntas,
promovendo um sistema de governança global mais justo e equilibrado.
Para concluir, gostaria de citar um antigo provérbio chinês que diz:
“O mal nunca prevalecerá sobre o bem.”
E um provérbio latino-americano afirma:
“A justiça tarda, mas chega.”
Se permanecermos firmes e unidos, construir um mundo melhor é totalmente
possível!
Antes de encerrar, desejo pleno sucesso ao Congresso Nacional do PCdoB e
que este partido amigo conquiste novas e maiores vitórias no futuro.
Muito obrigado.
*Discurso proferido em espanhol por Wang Jialei, representante do
Departamento Internacional do Comitê Central do Partido Comunista da China
(PCCh), durante o 16º Congresso Nacional do PCdoB, em Brasília, em 17 de outubro
de 2025. Tradução da Redação com apoio de recursos de inteligência artificial.
Foto: Wang Jialei, do Comitê Central do Partido
Comunista da China (PCCh), durante o momento das intervenções das delegações
Internacionais, no 16º Congresso do PCdoB, em Brasília, em 17 de outubro de
2025. Foto: Muril o Nascimento.
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