Bons e maus
exemplos no serviço público
Enio Lins www.eniolins.com.br
Com muita justiça se tem destacado a firmeza,
dignidade e profissionalismo dos servidores públicos que cumpriram suas missões
e impediram que alcançasse êxito a trambicagem pretendida pelo “mito” no
contrabando das joias árabes.
Entre os servidores que agiram corretamente, se
destaca o Delegado da Alfândega da Receita Federal do Aeroporto de Guarulhos,
Mario de Marco Rodrigues de Sousa, que não se curvou às pressões do então
presidente para liberar as peças contrabandeadas.
O então secretário da Receita Federal, José
Barroso Tostes Neto, ao ser demitido pelo ressentido Jair um mês depois da
apreensão, é suspeito de ter resistido – dignamente – às investidas do
energúmeno presidencial e por isso perdeu o cargo.
Mario de Marco Rodrigues de Sousa e José Barroso
Tostes Neto são exemplos de personalidade e atitudes coerentes com os seus
postos, desempenhando (corajosamente) as tarefas para as quais prestaram
concurso.
A estabilidade no emprego, condição própria do
serviço público brasileiro, tem sido destacada pela mídia como elemento
essencial para que gestos de integridade como esse possam acontecer. Quem não é
estável fica vulnerável. Isto é verdade.
Mas não é toda verdade, se o entendimento for que
a estabilidade por si só garante a atitude íntegra, altiva. Os militares que se
posicionaram de forma vergonhosa nesse mesmo episódio têm estabilidade e bem
mais suportes funcionais que a Receita Federal.
Militares, plenos em sua estabilidade
profissional, durante todo o mandato da inservível criatura mitológica, deram
um show de subserviência, desbrio e vileza, escondidos na desmoralizante frase:
“um manda, outro obedece...”.
Obedece-se quando a ordem está coberta pela lei;
se é contra a lei, desobedece-se. Existem exemplos disso no desgoverno do Falso
Messias, quando os comandantes das três armas renunciaram, em 30 de março de
2021, por discordarem do “comandante supremo”.
Não basta ter estabilidade, é-se necessário
dignidade, coragem, altivez. A estabilidade não inibiu um almirante, B.
Albuquerque, e uma penca de outros militares servis (cujos nomes não merecem
citação a não ser nos processos) a se rebaixarem à condição de xeleléus de um
deletério interessado em embolsar joias que são propriedade da Nação.
Quem cumpre sua missão pode até não merecer
prêmio, pois está no posto para isso (acho que mereceria). Mas quem é
subserviente, capacho, servil, merece punição exemplar para que os males da
adulação e da contravenção não prosperem.
Acossado e recluso, em decadência bit.ly/3YDZrgR
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