Hora de fazer o L para o transporte coletivo
Enio Lins www.eniolins.com.br
Muito se tem falado sobre as medidas do governo Lula 3 para
turbinar a economia, especialmente a ação produtiva em seu formato industrial.
O exemplo, de grande sucesso em Lula 2, da redução do IPI para carros volta à
tona.
Na sexta-feira, 26, foi divulgada pelo O Globo uma
primeira lista sobre os prováveis 30 carros, com preços atuais de até R$ 120
mil, que devem ficar mais baratos por conta das medidas projetadas pelo governo
federal.
Segundo O Globo, esse rol começa com o Fiat Mobi e
o Renault Kwid, cada um por R$ 68.990,00 e finda com quatro modelos a R$
111.990,00 cada: Fiat Fiorino, Fiat Volcano, Nissan Kids e Renault Duster. É
prevista uma redução nos preços em até 10,79%.
Lula tenta repetir o êxito de programas de combate
à crise em suas gestões anteriores, quando a redução do IPI e outras medidas
revitalizaram a indústria automotiva, e também a chamada “linha branca”
(eletrodomésticos).
Além do mercado consumidor, aquelas medidas
causaram enorme impacto positivo à economia em geral, por conta de
impressionante capilaridade dessas indústrias que contratam inúmeras outras
fábricas como parceiras.
Investir nesses ramos industriais é multiplicar as
ofertas de emprego. A experiência recente (2007/2014) comprovou essa tese na
prática e resultou numa significativa ampliação dos postos de trabalho e,
inclusive, com novas grandes fábricas instaladas.
Tá certo. Tá certo. Além disso, um desconto para a
aquisição de um carango novo é o eterno sonho de consumo da classe média e das
classes aspirantes, turbinadas pela demanda “uberística” nos tempos atuais. Um
grande público aplaude.
Cerca de 15 anos depois daquelas medidas tomadas
nos idos de 2007, e do sucesso que transformou uma brutal crise internacional
numa “marolinha” ao bater às costas do Brasil, sua reedição melhorada tem tudo
para dar certo novamente.
Mas é impossível não se preocupar com a
superpopulação de veículos em áreas urbanas já engarrafadas além do suportável.
Como muita gente tem falado, é hora de um investimento diferenciado, inovador,
nos transportes públicos.
Que seja mantido o incentivo ao veículo individual
pelas razões resumidas nos parágrafos anteriores. Mas que seja considerada
também a necessidade de transformar a política dos transportes de massa em algo
impactante.
Serão extremamente bem-vindos incentivos à
indústria de ônibus e seus derivados, incentivos às linhas de metrô, VLT... Sem
dúvida, em isso acontecendo, o país e as camadas menos favorecidas teriam um
ganho efetivamente expressivo.
Nenhum centro urbano brasileiro com população
acima de 100 mil habitantes aguenta mais veículos individuais em circulação.
Algumas cidades ainda têm condições de ampliação de suas malhas viárias, mas a
maioria das urbes não têm como abrir novas ruas.
Maceió é um exemplo dessa tremenda dificuldade em
abrigar o volume de automóveis em circulação, pois a deficiência no transporte
de massa obriga ao uso cotidiano do veículo individual, causando o caos no
trânsito e tumultuando a vida na cidade toda.
Financiar o transporte coletivo – de forma
inteligente, ousada e criativa – é algo que o terceiro mandato Lula poderia
premiar o Brasil. O sentido de turbinar a indústria de ponta, multiplicar a
oferta de empregos e renda continuaria em cartaz. E, de quebra, teríamos um
tráfego mais racional, cidades mais humanizadas, redução nos acidentes urbanos,
mais verde, mais vida.
Onde cabe quase tudo - sem preconceito nem sectarismo https://tinyurl.com/3y677r7f
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