O negacionismo está de volta na
CPI do 8 de janeiro
Bolsonaristas querem fraudar os fatos para proteger autores e
patrocinadores de ato golpista
Bruno Boghossian/Folha de S. Paulo
A tropa de choque
bolsonarista ensaiou mais um golpe na abertura da CPI do 8 de janeiro. Em minoria, os oposicionistas mostraram que
pretendem fraudar até os fatos mais cristalinos daquele domingo e reescrever a
história para proteger autores e patrocinadores dos ataques.
Os bolsonaristas se inspiraram na CPI da Covid e recorreram ao negacionismo. A
primeira arma dos aliados do ex-presidente foi alegar que não houve nenhuma
tentativa de golpe. Um senador chegou a dizer que a relatora Eliziane Gama
(PSD) fazia "um prejulgamento" ao descrever os acontecimentos daquela
maneira.
Os golpistas do 8 de janeiro podem ser descritos como lunáticos
que não tinham força para derrubar um governo. Mas será preciso mais que uma
lavagem cerebral para fazer com que o país esqueça que aquela turma marchou sob o lema da "tomada do poder",
o financiamento de grupos organizados e o incentivo de políticos que difundiam a enganação de uma eleição roubada.
A manobra da oposição na CPI seria só uma tentativa isolada de
tumulto não fosse o respaldo oferecido pelo presidente do colegiado. O deputado Arthur Maia
(União Brasil) deixou a porta aberta para os bolsonaristas e disse que o papel
da comissão é "identificar se de fato aconteceu uma tentativa de golpe de
Estado".
Escolhido com a bênção de Arthur Lira (PP), o presidente da CPI indicou que, em
nome de uma "participação plural", dará voz a teses alinhadas ao
golpismo. A primeira medida foi a criação de um cargo de segundo
vice-presidente para Magno Malta (PL) —senador que, após a derrota de
Bolsonaro, cobrava uma "ação dura" para "salvar o país".
O negacionismo bolsonarista imita uma conspiração tramada por aliados de Donald Trump nas
investigações sobre a invasão do Capitólio. Em março, políticos republicanos
passaram a usar imagens editadas para minimizar atos de violência, descartar o
enquadramento do ataque como tentativa de golpe e argumentar que os
manifestantes eram só turistas frustrados com a eleição.
Arcabouço fiscal: o tamanho da conquista parcial https://tinyurl.com/32bazmxh
Nenhum comentário:
Postar um comentário