13 novembro 2025

Minha opinião

Pesquisas eleitorais: apenas tendências momentâneas*
Luciano Siqueira 
instagram.com/lucianosiqueira65 

Em pouco mais de quarenta anos tive a oportunidade de ouvir relatos de pesquisadores tecnicamente respeitáveis acerca de muitas sondagens de opinião. Sempre atentos a números que pudessem indicar tendências, sem a precipitação de conclusões mais afirmativas. 

Os próprios pesquisadores reconhecem em cada amostragem a gama de fatores objetivos, nem sempre devidamente considerados na formulação dos questionários; e subjetivos, via de regra sujeitos a influências midiáticas momentâneas. 

Mas, frequentemente, acontecimento de certa importância, porém de alcance relativo, é alçado à condição de “pauta prioritária” – hipoteticamente capaz de confirmar ou inverter tendências - das redes de TV e de todo o complexo midiático a elas associado, as chamadas redes sociais e assemelhadas. 

E é caso da chacina do complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, objeto de persistente cobertura jornalística espetacular e tendenciosa. Nas redes sociais e meios de comunicação comunitários predominou a denuncia da chacina; na grande mídia, Rede Globo à frente, como hipotética tentativa de desmantelar uma das trincheiras do crime organizado, mediante ação “corajosa” do governador do Rio de Janeiro, o precário e tresloucado Cláudio Castro.

De quebra, a tentativa de impor o fato como prioridade na mesa do presidente da República, como que obrigado a adotar providências imediatas de caráter repressivo, a despeito da tramitação da PEC da Segurança na Câmara dos Deputados e do eficiente que realiza Polícia Federal.

A partir daí, põe-se um pequeno exército de pesquisadores a campo no intuito de aferir justamente os resultados da pressão midiática, postos a segundo plano eventos outros da maior importância — evolução positiva do setor produtivo da economia, queda da inflação, ampliação de oportunidade de trabalho, crescimento da renda média dos trabalhadores, etc. —, que são tratados como secundários para que tudo gire em torno da aprovação, ou não, da opinião do presidente Lula sobre a ação policial desastrosa acontecida no Rio de Janeiro. 

E se fazem projeções precipitadas sobre tendências de aprovação (ou desaprovação) do desempenho do governo, e do presidente em particular, assim como de preferências momentâneas do eleitorado em relação a eventuais candidatos na disputa presidencial. 

Tema de valor estratégico, digamos assim, como a peleja entre os governos brasileiro e norte-americano decorrente do desastroso tarifaço imposto por Donald Trump, a que o presidente Lula reagiu com altivez e habilidade sublinhando a defesa da soberania nacional e da democracia, passando à ofensiva, sob ampla repercussão positiva, cai a segundo plano nas planilhas dos pesquisadores.

Não se trata de recusa sistêmica aos números e análises apresentados pelos institutos de pesquisa, mais reconhecer a sua relevância apenas relativa.

Demais, ainda estamos distantes um ano do próximo pleito e muita água ainda passará por debaixo da ponte.

*Texto da minha coluna semanal no portal ‘Vermelho’

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