Um viés do neoliberalismo tupiniquim
Luciano Siqueira
Um importante empresário do
ensino universitário em Pernambuco costuma dizer que o Estado não pode nem deve
interferir sobre a dinâmica das redes privadas.
Somos empresas como em
qualquer negócio, diz ele, e o MEC nada tem a ver conosco, deve ocupar-se tão
somente da rede pública.
Claro que não é assim. O Ministério
da Educação tem incidência, sim, sobre escolas privadas. Há um conjunto de dispositivos
legais – a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação - que devam ser
observados, mesmo sob o governo privatista de Jair Bolsonaro.
Mas o fato é que nos anos
recentes tem se verificado intenso movimento de fusões de empresas
estabelecidas, inclusive com a associação de grupos estrangeiros, norte-americanos
em especial.
Já no primeiro semestre de
2019 se registravam 15 grandes transações de fusões e aquisições. No mesmo período do ano anterior, foram 13.
A rede Yduqs (ex-Estácio),
por exemplo, passou a controle da norte-americana Adtalem pela bagatela
de R$ 1,9 bilhão.
E esse processo não estancou.
Agora se noticia que o nível médio,
duramente atingido pela pandemia, quando se acentuaram a
inadimplência e a redução de receita com descontos oferecidos aos pais vítimas
do desemprego e do rebaixamento da renda familiar, abre as portas aos fundos de
investimento.
São 40
mil escolas privadas, frequentadas por 8 milhões dos 53 milhões de estudantes
no ensino básico e médio em todo o país.
Na essência
isso quer dizer que também se reflete aí uma espécie de neoliberalismo tupiniquim
retardatário.
O que reforça a
necessidade se incluir o tema numa plataforma de unidade das forças democráticas
e populares que sustente uma candidatura presidencial com chances de vencer em
2022.
.
Uma dica de leitura para quem
gosta de Ariano Suassuna https://bit.ly/3whh2hh
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