Atacar e defender bem, em uma mesma partida, é a
obra-prima do futebol
Um
time, para ganhar, não precisa optar pelo utilitarismo ou romantismo e
descartar o outro
Tostão, Folha de S. Paulo
Um leitor, que
gosta e entende de futebol, estava horrorizado com a retranca do Palmeiras na vitória por 1 a 0 sobre o
Independiente del Valle, em Quito. Para ele, colocar oito, depois
nove jogadores colados à grande área, sem avançar, dando chutões quando
recuperava a bola contra um time inferior, é uma afronta ao futebol brasileiro
e uma das razões do 7 a 1 e
de outros fracassos.
Por outro
lado, a maioria das opiniões que escutei após o jogo foi de exaltação ao
eficiente esquema defensivo armado pelo Palmeiras, importante para enfrentar a
altitude, ainda mais que o Del Valle não perdia há 23 jogos em casa pela Libertadores,
além de ter vencido o Flamengo por 5 a 0.
É preciso
escutar os dois lados. Não há dúvida que o Palmeiras se organizou muito bem na
defesa, como fazem, com frequência, muitos times inferiores contra outros
superiores. A estratégia não teve nenhuma novidade tática, mas precisava de
tanto?
Se duas bolas,
das milhares cruzadas na área do time brasileiro, por circunstâncias, por
detalhes, redundassem em gols, as análises seriam opostas, que o Palmeiras
teria recuado demais e facilitado a derrota.
O Palmeiras
joga bem no contra-ataque, pois aproveita a velocidade e a habilidade de Rony,
que conta com a ajuda importante de Luiz Adriano, um
centroavante lúcido, de toques e passes precisos e que também faz gols.
Após a
partida, voltaram as discussões sobre utilitarismo e romantismo, como se um
time, para ganhar, tivesse que optar por um ou por outro. Abel Ferreira disse,
com razão, que defender bem é uma arte.
Porém, atacar
bem é uma arte mais prazerosa. Já atacar e defender bem, em uma mesma partida,
é a obra-prima do futebol.
Abel é
discípulo de Mourinho, treinador pragmático, que só pensa em vencer. Guardiola também
quer vencer todos os jogos. A diferença é que acredita que a melhor maneira de
ganhar é ter o domínio da bola e do jogo, atacar e defender bem. Mais
importante ainda que a estratégia é executar bem o que foi planejado.
Abel falou que
foi sua primeira experiência na altitude. Ele precisa, agora, jogar em La Paz,
a 3.600 metros de altitude (Quito fica a 2.500 metros). São situações bem
diferentes. Abel disse ainda que o planejamento foi feito junto com os atletas.
Isso merece aplausos. É preciso saber escutar, sem radicalismos, sem vergonha
de aprender.
Nos anos 1960,
em La Paz, o Cruzeiro ganhou da seleção da Bolívia, por 2 a 0, sem fazer
retranca. Ficávamos com a bola, até chegar o momento certo de tentar o gol. Na
chegada ao hotel, antes da partida, o massagista Nocaute Jack,
campeão de luta livre, quis mostrar que a altitude era um problema apenas
psicológico. Colocou uma sacola de material esportivo nas costas e subiu pelas
escadas. Quando chegou ao primeiro andar, desmaiou.
MELANCÓLICO
Foi uma
irresponsabilidade, uma vergonha, a realização, pela Conmebol, da partida entre
América de Cali e Atlético, com cinco interrupções e com os atletas escutando o barulho das
bombas e respirando o gás lacrimogêneo, por causa do tumulto em
torno do estádio. Os clubes, os técnicos e os atletas não deveriam ter
concordado com tamanho absurdo.
COMPARAÇÕES
Se eu fosse
Tite, pelas características dos jogadores, experimentaria o ataque como joga o
Liverpool, com Firmino pelo centro, Gabigol, da direita para o meio, para
finalizar, como faz no Flamengo e como joga Salah, além de Neymar, do jeito
que mais gosta e sabe, da esquerda para o meio, como Mané.
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