Universidade rima com desenvolvimento da
cidade
Cida
Pedrosa*
O descaso com a
educação e a ciência, demonstrado pelo governo Bolsonaro, pode culminar com a
suspensão das atividades nas universidades federais. Em Pernambuco, a UFPE e
UFPE já avisaram que os recursos disponíveis, depois do corte geral de 20% no
orçamento e do contingenciamento de 13,8%, só garantem o funcionamento até
setembro. Essa é uma situação gravíssima, pois não são somente os alunos e a
comunidade acadêmica em geral que se beneficiam das atividades de ensino,
pesquisa e extensão, desenvolvidas pelas universidades públicas. Toda a cidade
em torno e o Estado colhem os frutos dessa fonte de conhecimento.
É o capital humano,
extremamente qualificado, formado pelas universidades, que viabiliza o
desenvolvimento socioeconômico e tecnológico do Recife. Quem não conhece a
parceria bem sucedida da UFPE com o Porto Digital, eleito por três vezes pela
Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores como
o melhor parque tecnológico do país? Além de ceder recursos humanos, a UFPE
manteve um fluxo de pessoas alimentando as relações de conhecimento no Porto
Digital, uma mobilização fundamental para o parque alcançar a excelência.
Durante minha gestão
como secretária de Meio Ambiente do Recife pude testemunhar a importância
dessas parcerias na elaboração do projeto Parque Capibaribe, sistema de parques
integrados ao longo de 15km em cada margem do rio, que vai restabelecer os
laços históricos da população com o rio e estimular o uso de transporte não
poluente como a bicicleta. Coube à universidade, através de sua competente rede
de pesquisadores (Inciti), elaborar todo o projeto.
A consciência do
relevante papel da universidade no desenvolvimento da cidade motivou a
Prefeitura do Recife, no início do ano, a se reunir com representantes dessas instituições
para discutir a criação de um escritório de parcerias, a fim de permitir que o
município recebesse propostas inovadoras, com soluções calcadas na ciência e
tecnologia para diversos problemas urbanos. A proposta inclui ainda usar o
conhecimento para gerar oportunidade, fundamental nesse momento de recessão.
Também é preciso
lembrar que, durante muitos anos, as universidades públicas (UFPE e UPE)
formaram os médicos que ajudaram a criar o forte polo de saúde que temos hoje
no Recife.
Esses exemplos não resumem
toda a importância das universidades para o desenvolvimento das cidades, mas
são suficientes para mostrar que essas instituições não são torres de marfim,
acolhendo apenas um reduzido número de indivíduos privilegiados. São espaços de
saber, que sempre oferecem soluções criativas e eficazes para os mais
diferentes problemas. Lutar pela manutenção delas é lutar pela soberania
nacional, pela ciência, pelo futuro e progresso das nossas cidades.
*Cida Pedrosa é advogada,
poeta e vereadora do Recife pelo PCdoB
.
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