Unidade feito a água da chuva
Luciano Siqueira
Unir é mais simpático e prazeroso do que dividir. Na vida em geral é assim, na luta política também.
Mas tal como na vida pessoal, em que às vezes o interesse
individual imediato se sobrepõe às necessidades e possibilidades do grupo – no
trabalho, na escola, no clube, na igreja e mesmo na família -, interesses
próprios de partidos se sobrepõem ao projeto comum possível.
É uma contradição permanente, um conflito de interesses e
intenções; que tanto podem ser bem administrados como não, pondo aspirações
comuns a perder.
Quem não já viveu situações assim na luta cotidiana, e até
mesmo nos limites de uma sala de aula ou de uma seção de fábrica?
A vida ensina.
A experiência consolidada pela reflexão crítica e autocritica
ganha consistência e serve de referência para os passos seguintes.
No espectro partidário brasileiro o PCdoB se destaca pela
longevidade e pela presença altiva, persistente e ousada em todas as fases e circunstâncias
da vida da nação nos últimos cem anos.
Percorreu muitas estradas.
Exercitou a práxis – sempre numa tentativa de compreender a
realidade à luz da teoria social do nosso tempo, o marxismo.
Amadureceu.
Por isso se destaca na cena política atual ao erguer persistentemente
a bandeira da unidade das correntes políticas e segmentos sociais ativos em
defesa de bandeiras comuns.
Tanto num plano mais amplo, a pugnar pela soberania do País
e pela democracia ameaçadas pelo neofascismo encarnado pelo governo Bolsonaro;
como numa dimensão específica, sobretudo no interesses do povo trabalhador, ao
lutar pela vacinação de todos os brasileiros contra a covid-19, pelo auxilio emergencial
digno e duradouro, por medidas que atenuem o desemprego e a falência de oportunidades
de trabalho informal.
Seja na perspectiva de um impeachment do atual governante,
que não deve sair da pauta; seja nos preparativos para as eleições gerais de
2022, os comunistas se imbuem de valores humanistas e solidários mais nobres
que os inspiram e batalham pela unidade.
Lidam com o tempo presente mirando o futuro socialista.
Nesse esforço, cuidam dessa ideia tão nobre e tão necessária
como se fora como a água da chuva, que ao cair sobre o solo se espalha por toda
parte, contornando obstáculos e alcançando espaços a ocupar...
Não se trata de negar conflitos entre projetos e interesses
distintos – que são naturais e compreensíveis.
Trata-se de contorna-los, respeitando diferenças e juntando
o que é possível em torno de proposições imediatas comuns.
Militantes que se enfrentam em disputas específicas dos
movimentos sociais não perdem de vista a unidade possível nas lutas que se
seguem.
Assim como na busca de coalizão partidária a mais ampla
possível, contam menos divergências anteriormente vividas e mais os propósitos
imediatos, que podem ser convergentes.
É da vida. E da luta.
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Veja: Pelo impeachment ou pelo voto https://bit.ly/3uEnGxa
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