17 maio 2023

Enio Lins opina

2019-2022: o quadriênio em que a corrupção imperou
Enio Lins www.eniolins.com.br

 

Entre 2018 e 2022, o combate à corrupção sofreu uma redução tremenda, confirmando – entre outras coisas – o motivo do destempero do então presidente em controlar a Polícia Federal, instituição referência nessa batalha.

Reportagem publicada pelo site midianinja.org – assinada pela jornalista Juliana del Piva – aponta a impressionante queda de ações e prisões contra a corrupção entre 2019 e 2022 levadas a efeito pela Polícia Federal em todo Brasil.

Segundo os dados fornecidos pela ONG Transparência Internacional/Brasil, “o número de prisões caiu de 421 em 2019 para apenas 42 em 2022”, representando uma “redução de 90%” no chamado quadriênio perdido, ou quadriênio do crime.

Mais impressionante ainda fica essa panorâmica quando se sabe do expressivo aumento de denúncias e evidências de corrupção, crimes contra o patrimônio, especialmente no âmbito do governo federal no mesmo período, como nos casos das joias árabes.

Destaque-se a escandalosa escalada criminosa, intestina, em órgãos policiais até então acima de quaisquer suspeitas, como a Polícia Rodoviária Federal, instituição que se viu envolvida numa inédita tentativa de golpe eleitoral no segundo turno de 2022.

No caso da antes prestigiada PRF pesa ainda o assassinato, comedido à luz do dia e filmado por várias testemunhas, em 25 de maio de 2022, em Umbaúba/SE, quando o cidadão Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, foi trucidado no interior de uma viatura.

Assim como esse homicídio, as denúncias de crimes eleitorais cometidos pela Polícia Rodoviária Federal no dia da votação do segundo turno, 30 de outubro de 2022, com fartas evidências e provas ululantes parecem ter se dissolvido no ar.

Mataram no nascedouro as investigações sobre a cobrança de propina na compra de vacinas contra o coronavírus, e as importantes evidências de crimes arroladas pela CPI do Covid foram (todas?) despachadas para a gaveta-geral do esquecimento.

É possível a retomada desses processos? As provas foram preservadas? Os acusados seguirão – salvo honrosas exceções – impunes e premiados? Lutando praticamente sozinho, o STF terá condições de responder à essa demanda e vencer as pressões?

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