Ver Real x City evocou memórias
de Santos x Botafogo nos anos 60
Vendo
partido de hoje e do passado, tenho vontade de me sentar na calçada e chorar de
alegria com lágrimas de esguicho
Tostão/Folha
de S. Paulo
Nas últimas décadas, ocorreram duas transformações negativas no futebol brasileiro, que continuam presentes, embora
haja uma lenta tendência de abandoná-las.
A primeira foi a divisão do meio-campo entre os volantes que
marcam e atuam do meio-campo para trás e os meias que atacam e jogam do centro
do campo para o gol. Com isso, diminuíram bastante os meio-campistas que atuam
de uma intermediaria à outra.
A segunda mudança foi o deslumbramento pela velocidade, pela
pressa de chegar ao gol, pelo excesso de passes longos e de cruzamentos para a
área. A troca curta de passes e o domínio da bola no meio-campo passaram a ser
sinônimos de lentidão e de pouca objetividade.
Ao mesmo tempo, aconteciam mudanças na maneira de jogar nas
principais equipes europeias. Em vez de criar verdades, passaram a utilizar
alternativas de acordo com o momento. Uma grande equipe necessita saber marcar
mais atrás e mais à frente, ser propositiva e reativa, trocar passes curtos e
fazer lançamentos longos. Isso não significa falta de personalidade, mas, sim,
sabedoria. A vida é sonho e realidade.
No meio de semana, no empate por 1 a 1 entre Real Madrid e Manchester City, pela Champions League, vimos tudo isso. Os dois times se
parecem e são diferentes. Gostam do domínio da bola, de pontas abertos e da
presença de um trio no meio-campo formado por um volante pelo centro e um
meio-campista de cada lado que ataca e defende.
São diferentes porque o City marca por pressão para recuperar a
bola mais perto do gol, e o Real marca mais atrás para contra-atacar com
Vinicius Junior. Durante a partida, trocam de postura tática, de acordo com as
necessidades do jogo.
Vinicius Junior, que no início de sua trajetória no Real Madrid
finalizava e passava mal, além de fazer muitas escolhas equivocadas, evoluiu,
corrigiu as deficiências e é hoje um forte candidato a ser o melhor do mundo,
herdeiro do trono deixado por Messi e Cristiano Ronaldo.
O Palmeiras e o Fluminense, os dois melhores times brasileiros,
adotam o mesmo caminho do Real e do City. Nas vitórias do Palmeiras sobre o
Grêmio e do Fluminense sobre o Cruzeiro, os dois times fizeram gols parecidos,
o de Mayke pelo Palmeiras e o de Cano pelo Fluminense, após longas trocas de
passes de uma intermediaria à outra. Habitualmente, são equipes diferentes. O
Palmeiras prefere os passes longos e a velocidade, enquanto o Fluminense gosta
da troca curta de passes.
A diversidade na maneira de jogar, com variações no momento
certo, é o presente e o futuro do futebol.
Ao ver os jogos entre o City e o Real, lembro-me das
espetaculares partidas entre Santos e Botafogo nos anos 60. Parafraseando o delirante
Nelson Rodrigues, após assistir a essas partidas de hoje e às do passado, tenho
vontade de me sentar na calçada e, arrepiado, chorar de alegria com lágrimas de
esguicho.
ESCÂNDALO NO FUTEBOL
No Brasil, o jogo de azar é proibido, e mesmo assim é o país da
jogatina por meio de milhões de sites de apostas na internet e por tantas
outras maneiras, legais e ilegais. Joga-se de tudo. De um país pode-se apostar
em milhões de coisas que acontecem no mundo.
Quase todos os clubes brasileiros são patrocinados por casas de
apostas. Vários atletas e ex-atletas são garotos-propagandas de sites de jogo.
É o país das contradições, do jeitinho e do que parece, mas não é. Os corruptores (quadrilhas de apostas) e os
atletas corrompidos, se condenados, deveriam ser duramente punidos pela
Justiça.
Velhos fatos se revivem com nova
aparência https://bit.ly/3Ye45TD
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