15 maio 2023

Turquia: segundo turno

Turquia: Segundo turno e embate geopolítico

Wevergton Brito/Vermelho www.vermelho.org.br

 

O atual presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, 69 anos, que obteve 49,4% dos votos nas eleições presidenciais deste domingo (14), irá enfrentar o opositor Kemal Kilicdaroglu, 74 anos, (44,96%), no segundo turno a se realizar no dia 28 de maio. Erdogan, um político conservador, está há duas décadas no poder. Nos últimos anos Erdogan vem se afastando da postura de alinhamento automático com Washington, aproximando-se da Rússia e recentemente restabeleceu relações diplomáticas com a Síria. Não por coincidência, desde então o aparelho midiático pró-imperialista propagandeia que Erdogan fez – usando as palavras do jornal carioca O Globo, na edição desta segunda-feira (15) – “uma guinada autoritária e conservadora”. Já seu oponente, Kilicdaroglu, é apresentado como um político moderno, defensor das pautas democráticas e da aproximação com o Ocidente. Em recente declaração, Kilicdaroglu prometeu, caso seja eleito, que lembrará a Rússia de que a Turquia é parte da Otan, em uma clara mensagem de que irá se alinhar com a frente anti-Rússia. O mercado financeiro reagiu mal à vantagem de Erdogan no 1º turno, “esta é uma grande decepção para os investidores que esperam uma vitória do candidato da oposição Kilicdaroglu (…) As próximas duas semanas serão caracterizadas por um alto nível de incerteza”, declarou um importante investidor turco, à Reuters.

Turquia: Segundo turno e embate geopolítico II

Entre os setores da oposição o resultado do 1º turno foi uma ducha de água fria, já que praticamente todas as pesquisas apontavam para a vitória de Kemal Kilicdaroglu, algumas inclusive aventando a possiblidade de o candidato opositor vencer sem necessidade de segundo turno. No entanto, a ida da disputa para o segundo turno não deixa de representar uma oportunidade para EUA e União Europeia, que irão sem dúvida tentar garantir a vitória de Kilicdaroglu, exigindo deste compromissos ainda mais explícitos, ou, na pior das hipóteses, tentarão pressionar um Erdogan ameaçado a retomar um maior engajamento com as pautas atlantistas. Porém, as feridas estão abertas e talvez demorem a cicatrizar. Na sexta-feira (12) o ministro do Interior da Turquia, Suleyman Soylu, declarou à rede CNN Turk que “os EUA estão interferindo nesta eleição contra Erdogan […]. Todos já sabem disso neste país, o próprio presidente dos Estados Unidos está declarando isso. O sr. Biden ativou seu pessoal na Turquia nos últimos dias“. No dia seguinte, no sábado anterior ao pleito, o próprio presidente turco endossou a acusação. Nas eleições parlamentares, a coalizão de Erdogan, Aliança do Povo (compreende seu “Partido da Justiça e Desenvolvimento (AK)”, de raízes islâmicas, e parceiros nacionalistas) tem boas chances de conquistar, segundo as projeções, 321 cadeiras no parlamento, conseguindo maioria absoluta (são 600 lugares), o que é mais um sinal claro de favoritismo para o segundo turno contra o Partido Republicano do Povo e seus aliados, apoiadores de Kemal Kilicdaroglu.

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