Ampla unidade para defender o Brasil do ataque de Trump e da extrema direita
País está sob ameaça de aviltamento de sua soberania, com atitude de Trump de sobretaxar produtos brasileiros para tentar livrar golpistas da cadeia
Editorial do 'Vermelho' www.vermelho.org.br
A afronta ao Brasil e ao povo brasileiro pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, abertamente a favor dos golpistas liderados pelo ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, é uma ingerência no processo judicial brasileiro e uma ação que atenta contra as regras comerciais e o direito internacional, que precisa ser amplamente rechaçada. Como afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil é um país soberano, com instituições independentes, que não aceita ser tutelado por ninguém.
A Embaixada dos Estados Unidos também se manifestou a favor de Bolsonaro e sua família, tratados como “fortes parceiros”, vítimas de “perseguição política”, em linha com declarações do secretário de Estado estadunidense, Marco Rubio, que defendeu sanções contra Alexandre de Moraes, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) relator do processo sobre a trama golpista bolsonarista.
O julgamento dos golpistas está baseado em provas fartas e robusta fundamentação jurídica. As manifestações estadunidenses contrariam frontalmente a soberania nacional, o princípio de que a defesa da democracia é prerrogativa de cada país. Como nação soberana, o Brasil não pode aceitar interferência ou tutela de quem quer que seja, conforme disse o presidente Lula, ressaltando que ninguém está acima da lei, sobretudo aqueles que atentam contra a liberdade e o Estado Democrático de Direito.
O Brasil respondeu de maneira altiva ao convocar, pelo Itamaraty, o chefe da embaixada dos Estados Unidos em Brasília, Gabriel Escobar, e devolver simbolicamente a carta endereçada por Trump a Lula defendendo Bolsonaro e impondo sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros. A secretária de Europa e América do Norte do Ministério das Relações Exteriores, Maria Luísa Escorel, disse que a carta de Trump foi uma “intromissão indevida e inaceitável” em assuntos brasileiros.
Lula respondeu também à afirmação de Trump de que ordens “secretas e ilegais” são emitidas contra plataformas de mídia dos Estados Unidos, violando a “liberdade de expressão”. A sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a liberdade democrática, disse o presidente. “No Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas. Para operar em nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras estão submetidas à legislação brasileira”, afirmou.
A imposição de sobretaxa de 50%, com a alegação de Trump de que é uma resposta a “relação comercial muito injusta”, está baseada na falsa informação de déficit na relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, disse Lula, apontando as estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos como comprovação de um superávit estadunidense no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de US$ 410 bilhões ao longo dos últimos 15 anos. “Neste sentido, qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica”, anunciou.
No Congresso Nacional, a extrema direita bateu continência à Trump. Parlamentares do campo democrático, entre os quais os/as integrante da Bancada do Partido Comunista do Brasil-PCdoB, fizeram um ato em repúdio a presidente dos EUA e em defesa dos interesses do Brasil e de suas instituições.
Os Estados Unidos, segundo maior parceiro comercial do Brasil, respondem por cerca de 12% das exportações brasileiras, atrás apenas da China, que representa 29%, o que equivale a aproximadamente 2% do Produto Interno Brasileiro (PIB) brasileiro. A sobretaxa de Trump faz do Brasil o país com alíquota de importação mais alta entre os 22 países notificados até o momento, maior do que os 30% atualmente impostos à China, com efeitos negativos no agronegócio, nas empresas e nos empregos.
Chama a atenção o momento dessa manifestação, pouco depois da realização da Cúpula dos BRICS no Brasil, numa demonstração de que o país tem potencial para ser um dos polos dinâmicos do chamado Sul Global, com políticas de soberania nacional e respostas ao “tarifaço” trumpista. Trump havia afirmado que submeteria os países do BRICS a tarifa de 10% “muito em breve”.
Essa atitude desnuda o bolsonarismo como força antipatriótica, de traição nacional, e elevou rapidamente as tensões entre Estados Unidos e Brasil, numa guerra comercial repentina com fundo político, um apoio explícito ao golpismo. O uso de tarifas pelo presidente estadunidense para intervir no julgamento criminal dos envolvidos na trama golpista é um exemplo de como ele usa esse recurso para imposição dos interesses imperialistas.
É preciso denunciar também o papel do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente de extrema direita, que continua interferindo no andamento da ação penal da trama golpista e agindo junto ao governo Trump para sabotar as leis brasileiras com o intuito de tomar o Estado para transformá-lo em capacho do governo estadunidense. É o que tem feito Alexandre de Moraes ao dizer que o investigado Eduardo Bolsonaro permanece praticando condutas com o objetivo de interferir e embaraçar o regular andamento da Ação Penal do “núcleo 1” do golpismo.
O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas que já havia colocado o boné de Trump na cabeça, mesmo com a economia paulista sendo duramente atingida pelo tarifaço, se postou como um vassalo, respaldando Trump.
A questão de fundo desse episódio é a interferência da Casa Branca na disputa presidencial de 2026. Trump ambiciona ter um governo brasileiro que seja vassalo do imperialismo estadunidense. Para tal, atua pela vitória da extrema direita e tudo fará, como se vê, para tentar impedir a reeleição do presidente Lula. Mas, o feitiço pode virar contra o feiticeiro. No Canadá e na Austrália, legendas alinhadas a Trump, antes favoritas, perderam eleições recentes. O ataque de Trump levanta o patriotismo brasileiro, provoca indignação entre empresários e trabalhadores, entre os partidários da democracia, e pode ampliar a base de apoio do governo do presidente Lula.
A atitude de Trump despertou reações de segmentos políticos, empresariais e jurídicos. Impõe-se a urgência de um amplo e unitário movimento de combate a essa manobra espúria do imperialismo e do bolsonarismo. Esse ato de força de Trump atiça a extrema direita, que tem se mostrado em declínio e busca apoio externo, mas também abre campo para ações vigorosas em defesa da democracia e dos interesses nacionais.
[Se comentar, identifique-se]
Unir o Brasil para rechaçar ataque de Trump https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/07/palavra-do-pcdob_11.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário