25 setembro 2025

Enio Lins opina

Lula, o estadista da resistência democrática mundial
Enio Lins  

“LULA FOI INTERROMPIDO POR APLAUSOS POR SETE VEZES ao discursar na ONU”, destacou o jornalista Reinaldo Azevedo em seu comentário na Band News, comparando com um único momento no qual Trump foi aplaudido. 7 x 1: Uma comparação tão elementar quanto decisiva, capaz de liquidar as piruetas da extrema-direita bolsonarista em busca de versões fantasiosas, destinadas a alimentar seu crédulo gado.

SEM EXCEÇÕES, a mídia internacional destacou o discurso de Luiz Inácio Lula da Silva, comparando positivamente a fala do presidente brasileiro em relação ao americano. No geral, o tom foi como o dado pelo britânico The Guardian: “O presidente do Brasil lançou uma defesa apaixonada da democracia em seu país [...] Em uma referência inequívoca, mas direta, ao governo Trump, Lula criticou as tentativas estrangeiras de se intrometer no julgamento de B...”. Outros, como o New York Times, focaram na reação de Donald: “O presidente Trump pareceu oferecer um ramo de oliveira ao Brasil nesta terça-feira. Os comentários vieram após um duro discurso de abertura de Lula”. Alguns – como o argentino El Clarín – ressaltaram posições de Lula sobre os conflitos mundiais (“Nada justifica el actual genocídio em Gaza”). Só aplausos.

ESTÁ O BRASIL ALÇADO a um protagonismo internacional, inédito, que não planejou obter. Não se trata de ação traçada pelas mentes brasileiras, mas sim produto de uma reação corajosa frente a uma política autoritária e destrambelhada do governo americano, cujo principal resultado foi não só transformar o Brasil em vítima, mas projetar a insurgência do vitimado, que não se afrouxou, nem se apequenou frente aos arroubos da maior das superpotências do momento. O Poder Judiciário brasileiro não se intimidou e segue seu caminho sem nenhuma vacilação. O Poder Executivo não pediu arrego, não se rebaixou, e trilha seu caminho sem se atemorizar. O Brasil resiste, sem cair em provocações, sem empáfia. O discurso de Lula reflete isso: soberania, firmeza e tranquilidade frente a um agressor poderosíssimo.

ESTÃO LONGE de soluções os problemas econômicos provocados pelo governo americano ao Brasil. As motivações de Trump & trupe são variadas, e visam a capitulação e não a negociação. A defesa espalhafatosa da impunibilidade para o ex-capitão é apenas uma cortina de fumaça. As contradições reais estão nos interesses estratégicos e absurdamente lucrativos – como no caso das exigências das big techs, ansiosas por ficarem acima das leis brasileiras e ganharem mais e mais fortunas com a desregulamentação da internet. Jair, o condenado, e seus filhos delinquentes são apenas culpados úteis, cascas de bananinhas colocadas no caminho da independência do Brasil. Terras raras, relevância dos BRICS, fontes energéticas... tudo isso é o que de fato provoca furor e temor aos imperialistas estadunidenses (olha essa velha palavra de volta). Resistir é preciso, até porque esses gangsters não brincam em serviço.

TRUMP, COMO SEMPRE, usou de sua técnica de chamar a atenção para si através de deselegâncias, supostos improvisos, e mentiras propositalmente fáceis de identificar. As mídias encontraram rapidamente fake news na fala de Donald e dedicam bom espaço às disparidades, conforme reproduzido em matéria no G1. É um método de Trump para potencializar mitologias em seu próprio público e desviar a atenção do resto do mundo. É o caso, por exemplo, do esdrúxulo autoelogio: “Em apenas sete meses, encerrei sete guerras indesejáveis. Sinto-me muito honrado por ter feito isso. É uma pena que eu tenha tido que realizar essas ações em vez das Nações Unidas”. Assim como tudo indica ser uma armadilha seu afago a Lula (surpreendendo os próprios assessores trumpistas). Uma arataca. Mas que – indubitavelmente – realçou, e muito, o protagonismo do presidente brasileiro para todo planeta. E a luta continua.

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