25 setembro 2025

Minha opinião

Devagar com andor que tem muito chão pela frente*
Luciano Siqueira 
instagram.com/lucianosiqueira65  

A extrema direita sofreu contundente derrota com a condenação, pelo STF, do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus asseclas na trama golpista. Reagiu com a apresentação, na Câmara, da PEC da impunidade e a aprovação do regime de urgência para proposta de anistia.

Em atabalhoada cruzada, correndo por fora mas em sincronia com o segmento raiz do bolsonarismo, o quase ex-deputado Eduardo Bolsonaro transita entre absurda defesa de intervenção norte-americana e manobras malsucedidas para preservar o mandato.

Na ONU, Donald Trump trata Lula com mimo suspeito, mas politicamente significante ("líder do Brasil") - mesmo que adiante venha a manobrar com costumeiras arrogância e grosseria.

Tudo emoldurado pelas manifestações contra a PEC da impunidade e a inaceitável anistia de golpistas, que coloriram de verde-amarelo autêntico ruas e praças do país no domingo passado.

A direita se enfraquece? Temporariamente, sim. Inclusive porque se divide.

Há uma "reviravolta" na cena política? Talvez sim, talvez não; nem tudo está claro.

Verdade que desde o tarifaço de Trump e a firme resposta do governo, o prestígio do presidente Lula volta a crescer na mesma proporção em que ascendente maioria da população se declara contra a anistia aos golpistas, segundo as últimas pesquisas.

O governo, que esteve constrangido às cordas, retoma a iniciativa e pelo menos equilibra o combate. 

O pano de fundo econômico - pleno emprego, renda média dos assalariados em ascensão, relativo controle da inflação de alimentos -fortalece o governo, por mais que o complexo midiático dominante tente negar.

Então é preciso seguir juntando forças e as mobilizando com a amplitude, a leveza e a criatividade do último domingo, e ao mesmo tempo travando o combate com firmeza e sagacidade neste que prossegue como palco principal da resistência conservadora e de direita, o Congresso, a Câmara dos Deputados em particular, onde a correlação de forças real segue quantitativamente favorável à oposição.

Acrescente-se a esse caldo de cultura multifacetado a abordagem antecipada das eleições gerais de 2026, com toda a complexidade própria da costura de alianças para a disputa presidencial e o caleidoscópico jogo de forças nos estados, que envolve composições não necessariamente correspondentes aos acordos nacionais. 

Em plano estadual, em algumas situações já se proclamam antecipadamente vitórias, que embora possíveis não estão antecipadamente garantidas.

Cá na província, em outras situações igualmente complexas, ouvimos sábias assertivas tanto do líder conservador Marco Maciel (“quem tem tempo, não tem pressa”), como do líder popular e nacionalista Miguel Arraes (“ainda não é por aí, vamos conversar mais”).

Em outras palavras, melhor trocar a euforia imediatista pelo exame amplo e circunstanciado da cena política; valorizar os nacos de vento que passam a soprar em favor da democracia e da soberania nacional, travando a luta em cada trincheira com sagacidade e firmeza.

*Texto da minha coluna semanal no portal Vermelho

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