Devagar com andor que tem muito chão
pela frente*
Luciano
Siqueira
instagram.com/lucianosiqueira65
A extrema direita sofreu contundente derrota com a condenação, pelo STF, do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus asseclas na trama golpista. Reagiu com a apresentação, na Câmara, da PEC da impunidade e a aprovação do regime de urgência para proposta de anistia.
Em atabalhoada
cruzada, correndo por fora mas em sincronia com o segmento raiz do
bolsonarismo, o quase ex-deputado Eduardo Bolsonaro transita entre absurda
defesa de intervenção norte-americana e manobras malsucedidas para preservar o
mandato.
Na ONU, Donald Trump
trata Lula com mimo suspeito, mas politicamente significante ("líder do Brasil")
- mesmo que adiante venha a manobrar com costumeiras arrogância e grosseria.
Tudo emoldurado pelas
manifestações contra a PEC da impunidade e a inaceitável anistia de golpistas,
que coloriram de verde-amarelo autêntico ruas e praças do país no domingo
passado.
A direita se
enfraquece? Temporariamente, sim. Inclusive porque se divide.
Há uma
"reviravolta" na cena política? Talvez sim, talvez não; nem tudo está
claro.
Verdade que desde o
tarifaço de Trump e a firme resposta do governo, o prestígio do presidente Lula
volta a crescer na mesma proporção em que ascendente maioria da população se
declara contra a anistia aos golpistas, segundo as últimas pesquisas.
O governo, que esteve
constrangido às cordas, retoma a iniciativa e pelo menos equilibra o
combate.
O pano de fundo
econômico - pleno emprego, renda média dos assalariados em ascensão, relativo
controle da inflação de alimentos -fortalece o governo, por mais que o complexo
midiático dominante tente negar.
Então é preciso
seguir juntando forças e as mobilizando com a amplitude, a leveza e a
criatividade do último domingo, e ao mesmo tempo travando o combate com firmeza
e sagacidade neste que prossegue como palco principal da resistência
conservadora e de direita, o Congresso, a Câmara dos Deputados em particular,
onde a correlação de forças real segue quantitativamente favorável à oposição.
Acrescente-se a esse
caldo de cultura multifacetado a abordagem antecipada das eleições gerais de
2026, com toda a complexidade própria da costura de alianças para a disputa presidencial
e o caleidoscópico jogo de forças nos estados, que envolve composições não
necessariamente correspondentes aos acordos nacionais.
Em plano estadual, em
algumas situações já se proclamam antecipadamente vitórias, que embora
possíveis não estão antecipadamente garantidas.
Cá na província, em
outras situações igualmente complexas, ouvimos sábias assertivas tanto do líder
conservador Marco Maciel (“quem tem tempo, não tem pressa”), como do líder
popular e nacionalista Miguel Arraes (“ainda não é por aí, vamos conversar mais”).
Em outras palavras,
melhor trocar a euforia imediatista pelo exame amplo e circunstanciado da cena
política; valorizar os nacos de vento que passam a soprar em favor da democracia
e da soberania nacional, travando a luta em cada trincheira com sagacidade e
firmeza.
*Texto da minha coluna semanal no portal Vermelho
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