01 novembro 2025

Minha opinião

O crivo viciado das redes 
Luciano Siqueira 
instagram.com/lucianosiqueira65 

A gente critica — em geral com razão — a excessiva importância dada às redes sociais no tempo presente. 

Porém se faz institucionalizada uma espécie de retroalimentação permanente dessa questionável importância. Qualquer fato relevante, de certa repercussão, enseja a que, dois a três dias após, a mídia dominante dedique espaço à aferição da chamada "repercussão nas redes".

Ou seja, quantas menções positivas ou negativas o aludido fato obteve — sem necessariamente levar em conta a distorção de versões e mesmo fake news.

A coisa se tornou tão importante na paisagem social e política do país que até os mais simples viventes cuidam de documentar a cena, celular à mão, através de vídeos e fotos em que quem fotografa ou filma se faz também personagem. 

Daí em diante, o produto é posto no Instagram e em outras redes e logo em seguida o dito cujo contabiliza quantas visualizações, curtidas e comentários obteve.

Uma espécie de narcisismo mórbido onde pouco se distingue entre o fato e a versão do internauta.

Foi assim que no fatídico 8 de janeiro de 2023, em Brasília, centenas de invasores dos edifícios dos três poderes da República produziram contra si mesmos provas documentais através de selfies em que descreviam os acontecimentos de viva voz e de imediato postavam nas redes. Muitos cumprem pena de reclusão na Papuda.

E a verdade? Ora, entre o que acontece e o que se interpreta nas redes a verdade pouco importa. Ou não?

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Assim age o controle social automágico https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/07/vida-digitalizada.html 

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