Desatar o nó do vício militarista é a tarefa mais importante para
o Brasil
Enio
Lins www.eniolins.com.br
Dentre
os ministérios mais complexos e difíceis neste início de governo
estão Defesa e Justiça. Múcio e Dino, independentemente do talento de cada,
estão com duas áreas explosivas, cada um com o mesmo Nó Górdio nas mãos para
desatar.
Alexandre, o Grande, teve o desafio do Nó Górdio em 334 a.C. Suou o saiote para
desatá-lo e, vendo que não ia adiante, passou a espada na amarração, torando a
laçada indesatável em duas bandas de corda. Mas no Brasil de 2023 essa técnica,
simples e prática, não pode ser usada, porque quem tem a espada é o Nó.
O Nó Górdio para a Democracia brasileira, desde sempre, é o
militarismo. Laçarote municiado até os dentes e disposto a não deixar desatar
nenhum de seus privilégios, especialmente – na prática – no tocante à
intangibilidade frente às leis vigentes para os demais mortais.
Apois, para a completa apuração das responsabilidades que desaguaram no
Domingão do Terror e da Vagabundagem, teria de ser investigada com rigor e
propriedade a participação de integrantes das Forças Armadas. Alguns já
deveriam estar hospedados na Papuda, mas...
Percorrer esse campo minado é a missão dos ministérios da Defesa e da
Justiça. E seus titulares têm feito essa travessia sem, até agora, meter o pé
em cumbuca. É passo ante passo, como se dizia; e o importante é saber aonde
quer ir, onde quer chegar.
O militarismo é uma
ferida aberta na história brasileira, e entender a
mitologia das Forças Armadas se apresentarem como uma força una e coesa – como
se não fossem formadas por grupos de interesse que lutam entre si, como em todo
ajuntamento humano – é o bê-a-bá da diplomacia política entre civis e
militares. Isso precisa ser respeitado.
Civis e militares democráticos têm de desatar esse nó com a cautela
necessária numa realidade de grande infiltração do bolsonarismo entre a tropa.
O confronto imediato interessa à banda podre bolsonarista, e às forças
democráticas importa isolar esse vírus, expondo os males causados por esse
patógeno no corpo militar.
Direita e extrema-direita não são novidades no ambiente fardado, mas o
bolsonarismo é uma porta aberta ao crime organizado, adesão à indisciplina,
culto à quebra de hierarquia e exercício da covardia pura. Isso é a mais
profunda desmoralização de qualquer força armada e não pode ser tolerado.
Precisa ser combatido por militares e civis. Com calma e boa pontaria, com
firmeza, sem conciliação nem caindo em provocação, esse nó vai sendo desatado.
O
mosaico da vida que segue https://bit.ly/3Ye45TD
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