19 janeiro 2023

Enio Lins opina

Desatar o nó do vício militarista é a tarefa mais importante para o Brasil

Enio Lins www.eniolins.com.br

 

Dentre os ministérios mais complexos e difíceis neste início de governo estão Defesa e Justiça. Múcio e Dino, independentemente do talento de cada, estão com duas áreas explosivas, cada um com o mesmo Nó Górdio nas mãos para desatar.

Alexandre, o Grande
, teve o desafio do Nó Górdio em 334 a.C. Suou o saiote para desatá-lo e, vendo que não ia adiante, passou a espada na amarração, torando a laçada indesatável em duas bandas de corda. Mas no Brasil de 2023 essa técnica, simples e prática, não pode ser usada, porque quem tem a espada é o Nó.

O Nó Górdio
 para a Democracia brasileira, desde sempre, é o militarismo. Laçarote municiado até os dentes e disposto a não deixar desatar nenhum de seus privilégios, especialmente – na prática – no tocante à intangibilidade frente às leis vigentes para os demais mortais.

Apois, para a completa
 apuração das responsabilidades que desaguaram no Domingão do Terror e da Vagabundagem, teria de ser investigada com rigor e propriedade a participação de integrantes das Forças Armadas. Alguns já deveriam estar hospedados na Papuda, mas...

Percorrer esse campo
 minado é a missão dos ministérios da Defesa e da Justiça. E seus titulares têm feito essa travessia sem, até agora, meter o pé em cumbuca. É passo ante passo, como se dizia; e o importante é saber aonde quer ir, onde quer chegar.

O militarismo é uma ferida 
aberta na história brasileira, e entender a mitologia das Forças Armadas se apresentarem como uma força una e coesa – como se não fossem formadas por grupos de interesse que lutam entre si, como em todo ajuntamento humano – é o bê-a-bá da diplomacia política entre civis e militares. Isso precisa ser respeitado.

Civis e militares
 democráticos têm de desatar esse nó com a cautela necessária numa realidade de grande infiltração do bolsonarismo entre a tropa. O confronto imediato interessa à banda podre bolsonarista, e às forças democráticas importa isolar esse vírus, expondo os males causados por esse patógeno no corpo militar.

Direita e extrema-direita
 não são novidades no ambiente fardado, mas o bolsonarismo é uma porta aberta ao crime organizado, adesão à indisciplina, culto à quebra de hierarquia e exercício da covardia pura. Isso é a mais profunda desmoralização de qualquer força armada e não pode ser tolerado. Precisa ser combatido por militares e civis. Com calma e boa pontaria, com firmeza, sem conciliação nem caindo em provocação, esse nó vai sendo desatado.

O mosaico da vida que segue https://bit.ly/3Ye45TD

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