Chambriard afirma que petróleo vai financiar transição energética
Nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, tomou posse com a presença de Lula e defendeu a exploração da Margem Equatorial para pagar a conta da transição energética
Murilo da Silva/Vermelho
O presidente Lula esteve, nesta quarta-feira (19), na posse presidente da Petrobras, Magda Chambriard. A cerimônia realizada no Rio de Janeiro (RJ) ocorreu no Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes). Na ocasião foi feita a defesa do patrimônio da empresa para o povo brasileiro e também do processo de transição energética financiada pela exploração de petróleo. Nesse sentido, a Margem Equatorial é apontada como parte fundamental desse processo.
A profissional de carreira da Petrobras, que foi diretora-geral da ANP entre 2012 e 2016, recebeu de forma simbólica o crachá de presidente da maior empresa do país das mãos de Lula. Ela é a segunda mulher a ocupar o posto. Esta foi a primeira vez em 12 anos que o presidente da República participa da posse de um presidente da empresa.
Petrobras do povo brasileiro
“Se a Petrobras der certo, o Brasil dá certo. Se a Petrobras der errado, significa que o Brasil também vai dar errado. E eu torço, luto e morro para que o Brasil dê certo”, exaltou Lula.
O presidente disse isto, pois falou das tentativas de desmontar a empresa, especialmente pela Operação Lava Jato, como forma de entregar o patrimônio do povo brasileiro.
“Com o falso argumento de combater a corrupção, a operação Lava Jato mirava, na verdade, o desmonte e a privatização da Petrobras. Se o objetivo fosse de fato combater a corrupção, que se punissem os corruptos, deixando intacto o patrimônio do nosso povo. O que queriam mesmo era, mais uma vez, entregar esse extraordinário patrimônio nas mãos das petrolíferas estrangeiras. Era isso que queriam: o desmonte da Petrobras. Os estragos foram muitos em todo o ecossistema da produção de petróleo. Fatiaram a Petrobras, venderam refinarias e ativos importantes, a exemplo da BR Distribuidora. E mesmo assim não conseguiram destruí-la. Jamais conseguirão”, bradou o presidente do Brasil.
Transição energética
No seu discurso, Chambriard revelou sua emoção e disse que foi incumbida por Lula em aumentar a Petrobras, porque ela impulsiona o PIB do país, assim como gerir a empresa com respeito à sociedade brasileira. “Ele [Lula] me disse bem assim: eu tenho grande carinho pela Petrobras, a sociedade brasileira ama a Petrobras e eu também amo, não quero confusão nessa empresa”.
Na sequência, a presidente da Petrobras falou sobre os alinhamentos que a empresa terá com a sua liderança: “Nossa gestão, como não poderia deixar de ser, está totalmente alinhada com a visão de país do nosso presidente Lula e do governo federal. Afinal, eles são nossos acionistas majoritários. Está também em consonância com a visão de mercado, com a geração de valor econômico e com a rentabilidade. Nosso plano estabelece a trajetória que a companhia irá percorrer como líder brasileira na transição energética: justa e inclusiva. Nessa transição nossos ativos de petróleo e gás e as nossas plantas de refino serão fortalecidos com investimentos consistentes, mas tempestivos, reduzindo progressivamente as emissões de carbono”, explicou.
Conforme coloca, a ambição da empresa é alcançar a neutralidade das emissões líquidas até 2050. Com isso, indicou que 11% do investimento da Petrobras será em projetos de baixo carbono.
De acordo com Magda, a Petrobras ainda irá retomar a produção do setor de fertilizantes. “Os fertilizantes são uma boa oportunidade para ampliar significativamente o mercado de gás. O gás natural é um insumo com maior impacto no preço dos fertilizantes, mas também vamos reforçar a nossa atuação em petroquímicos e lubrificantes, que são produtos não carburantes que aprimoram o nosso portfólio e contribuem para a redução das emissões. Alguém tem que financiar essa transição [energética] e para financiar essa transição são fundamentais investimentos em exploração e produção”, afirmou.
Assim, Chambriard destacou que não é possível falar em transição energética sem falar em quem vai pagar a conta: “é o petróleo que vai pagar”, aponta.
“Não podemos esquecer que as reservas de petróleo e gás do Brasil são finitas, de forma que nossa segurança energética durante a transição justa passa obrigatoriamente por sua reposição. Nessa linha é fundamental desenvolver nossas fronteiras exploratórias como as da Margem Equatorial e do Sul do Brasil. Mas nós iremos desenvolvê-las com rigorosos padrões de segurança em absoluta conformidade com a legislação ambiental e com os processos de licenciamento”, disse.
A presidente da empresa ainda destacou em sua posse que além dela mais três mulheres ocuparão a direção da empresa, de forma inédita. São elas: Sylvia dos Anjos, diretora de Exploração e Produção; Renata Baruzzi, diretora de Engenharia, Tecnologia e Inovação; e Clarice Coppetti, diretora de Assuntos Corporativos.
Na mesma linha, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, respaldou a decisão do governo liderado pela Petrobras e mencionado por Magda quanto à exploração da Margem Equatorial por um “caminho ambientalmente seguro, junto ao Ibama, para conhecer as nossas riquezas, nessa que é a última fronteira”, expôs Silveira.
Estiveram presentes na cerimônia a primeira-dama Janja, os ministros e ministras Rui Costa (Casa Civil), Luciana Santos (Luciana Santos), Fernando Haddad (Fazenda), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral), Margareth Menezes (Cultura), Laércio Portela (ministro interino da Comunicação); a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra; prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes; coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar; presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros; presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira; presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, entre outros.
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