Nobel e
o futuro
Abraham
B. Sicsu
Não entendo do assunto. Mas, sou curioso, sempre procuro acompanhar o anúncio. Mês do Prêmio Nobel, a Laura maior.
Outubro, mês da
divulgação, são revelados os ganhadores. Todas as vaidades acadêmicas ficam
ouriçadas. Há gente que espera a vida toda e nunca virá. Pena. São poucos os
contemplados.
Ser um Nobel é o
ápice para o reconhecimento da genialidade de um mortal. Hoje foi revelado o
último dos prêmios, o de Economia, que os “sérios cientistas exatos” cismam em
considerá-lo como um pseudo Nobel. Perdem a oportunidade de entender a
complexidade do mundo que os cerca.
O que me chamou a
atenção é que, este ano, eles apontam para um futuro desejável. Ou seja, não se
restringem às áreas de atuação em que se enquadram os laureados, não se
restringem a atacar mazelas reais ou sociais, mas apontam para novos caminhos a
serem percorridos pela humanidade.
O de Medicina, dado a
três cientistas que estudaram o sistema imunológico humano, e fizeram
descobertas sobre a tolerância imune periférica, apontam para caminhos que
podem liberar a sociedade de seus males na saúde mais temidos, as doenças
auto-imunes, como o câncer e a AIDS, apontando para caminhos que podem ser
muito promissores no tratar e debelar essas mazelas.
O de Física, com mais
três cientistas premiados, apontam para a computação quântica e a criptografia
avançada, mostrando que os limites que se tinham podem ser constantemente
superados.
As velocidades
inimagináveis, os sistemas com efeitos quânticos nos circuitos, permitem ao
Homem superar as barreiras do impossível. Acredito que chegará o dia em que
provaremos que o infinito será totalmente dominado, portanto finito. Uma nova
linguagem matemática que nos leva a um mundo sem inesperado. Talvez muito
chato.
O da Química, que nos
apresenta materiais ultraporosos capazes de capturar, armazenar e separar
moléculas em nível atômico. Materiais esponjosos que conseguem armazenar grande
quantidade de matéria em seu interior.
Imaginem cenário em
que a poluição ambiental pode ser fortemente capturada por um pequeno
recipiente, ou um deserto que pode retirar do ar água para abastecer
populações. É disso que se está falando.
Dois prêmios de
humanidades.
Um escritor húngaro
que em dias turbulentos e apocalípticos como os nossos aponta a Arte como a
salvação. Magnífico, extraordinário. Não li, mas já pedi seus livros e vou ler.
Não posso imaginar saída mais confiável e esperançosa para nossos dias.
Outro, do qual
discordo. Deixemos para outra oportunidade a discussão dos porquês.
É o da Paz.
Evidentemente, defendo a luta por uma democracia em todas as nações. Regimes
ditatoriais são sempre indesejáveis. Mas, também, pessoas que por interesses
políticos admitem o sacrifício de seus povos, de populações já muito oprimidas,
não merecem meu respeito. Em todo caso, aponta para um princípio importante, a
busca de uma sociedade mais harmônica e participativa, sem que a opressão de
tiranos se perpetue e gere uma classe de super poderosos. Prefiro entender
assim, embora sabendo que os fatores que motivaram a premiação têm outra esfera
de definição, que há interesses questionáveis envolvidos.
Saiu, hoje, o de
Economia. Uma boa surpresa.
Premiados três
economistas. A essência das Teorias de raiz schumpeteriana volta a ser
lembrada, teorias que vêm na inovação a base do desenvolvimento. Que entendem
serem necessários mecanismos que permitam à sociedade controlar a entrada das
idéias e coisas novas em substituição do velho sistema que está funcionando.
Mas, alertam, é importante que se busquem caminhos confiáveis, não predatórios,
para o Homem e para a natureza. A isso chamamos de desenvolvimento sustentado
ou sustentável, como queiram. Em que o progresso técnico seja utilizado como o
caminho para uma civilização mais humana e menos desestruturante.
Dediquei minha vida
acadêmica a essa área e vejo nos trabalhos premiados um reconhecimento de que
podemos ter esperança, podemos imaginar um mundo em que se viva com mais
harmonia. Pelo menos, em tese.
Como disse, não sou
cientista e muito menos especialista em avanços na ciência que realmente
apontem para mudanças na humanidade. No entanto, o que vejo nesse quadro, que
agora se completou, é que há buscas para reais melhorias de qualidade de vida.
Essas buscas jamais poderão prescindir da Ciência, caminho que realmente pode
dar embasamento sólido para um novo Mundo. E isso é inspirador.
Discordemos de
premiados, mas apostemos nessa rota para o Futuro que temos que construir para
nossa civilização.
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