25 outubro 2025

Editorial do 'Vermelho'

O vitorioso 16º Congresso do PCdoB
O PCdoB aponta três tarefas centrais: batalhar pela reeleição do presidente Lula, por mudanças em prol do desenvolvimento soberano e fortalecer a legenda comunista
Editorial do 'Vermelho'


O 16º Congresso do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) realizou-se em Brasília, no Centro de Convenções Ulisses Guimarães, entre os dias 16 e 19 deste mês de outubro. O Congresso é a expressão maior da democracia interna que rege o cotidiano da legenda comunista. Dele participaram 680 delegados/as e cerca de 100 convidados/as. Foram realizadas conferências nos 26 estados e no Distrito Federal, que reuniram nas sessões de debates do processo congressual mais de 42 mil militantes. Vinte e seis partidos e organizações comunistas e revolucionárias, de duas dezenas de país, marcaram importante presença internacionalista.

Por aclamação e grande entusiasmo, o plenário elegeu Renato Rabelo presidente de honra do Congresso. Liderança histórica do Partido, Renato é ex-presidente da legenda que aportou ao PCdoB importante legado ao pensamento programático, tático e estratégico do Partido.

O 16º Congresso foi um acontecimento relevante para o conjunto da esquerda brasileira, para o campo democrático, patriótico e popular do país e para o movimento comunista e revolucionário mundial.

Isto ficou patente na abertura, na noite do dia 16. Sob a liderança de Luciana Santos, presidente do PCdoB, e com a significativa participação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, realizou-se um ato político com cerca de mil pessoas.

A Mesa teve a participação, além de Luciana Santos e do presidente Lula, de ministros/as, de representantes de partidos de um leque da esquerda ao centro, de lideranças do movimento sindical e popular, de personalidades aliados da legenda, de parlamentares e, ainda, de convidados internacionais, representados pelos partidos comunistas da República Popular da China e de Cuba.

Resolução Política, aprovada em clima de grande unidade, está centrada na resposta ao que, no presente e no futuro imediato, é o principal ao Brasil e ao povo brasileiro.

Os comunistas estão convictos de que são três grandes desafios: lutar por uma nova vitória da nação e da classe trabalhadora em 2026, com a reeleição do presidente Lula; desde já, batalhar pela realização das mudanças estruturais que removam as amarras neoliberais e neocoloniais que travam o desenvolvimento soberano do país: e fortalecer a legenda comunista.

A vitória de Lula tem natureza tática. As mudanças estruturais, por sua vez, têm conteúdo estratégico. Embora tenham natureza distintas, essas duas jornadas se entrecruzam e entrelaçam-se no fluxo da luta de classes.

O terceiro desafio, é dar prosseguimento ao esforço que vem desde o último quadriênio, de revigorar e reposicionar o PCdoB para um novo ciclo de acumulação de forças. O Brasil precisa de uma esquerda forte, e para tal, é necessário que a legenda dos comunistas se robusteça crescentemente

A presidente Luciana Santos, tanto no Informe Político quanto no ato de abertura, salientou que as eleições presidenciais de 2026 têm uma dimensão tático-estratégica, de grande importância não somente ao Brasil, mas à América Latina. E apontou que a tática correta, na concepção do PCdoB, é a construção, desde já, de uma larga aliança que tenha o protagonismo da esquerda, seja impulsionada pela mobilização do povo, agregue o que for possível do centro e centro-direita e busque isolar o consórcio da direita e da extrema-direita. Quatro bandeiras têm força para amalgamar essa aliança ampla: a defesa da soberania nacional, da democracia, do desenvolvimento e da valorização do trabalho.

Para o PCdoB, apesar da disputa presidencial se apresentar acirrada, com relativo equilíbrio de forças, o campo político e social liderado pelo presidente Lula ganhou mais competividade desde o ataque desferido contra o Brasil pelo conluio formado entre o governo de Donald Trump, dos Estados Unidos, e o consórcio da extrema-direita e da direita.

A resposta firme e assertiva do presidente Lula em defesa da soberania nacional e da democracia, das instituições brasileiras, das empresas nacionais e do emprego, em rechaço à conduta de traição nacional do campo da direita, deu uma qualidade nova ao curso da luta política do país. Soma-se a isso a condenação de Jair Bolsonaro e demais integrantes da cúpula que tentou um golpe de Estado. De conjunto, resultou numa situação na qual a direita enfrenta tensões e potencial divisão.

No âmbito deste confronto histórico entre o Brasil e os traidores da pátria, tem grande relevância a vitória do projeto eleitoral dos comunistas: reeleger os nove mandatos que constituem a atual bancada comunista na Câmara dos Deputados, ampliar o número de cadeiras e o número de votos. Em sinergia, conquistar o maior número possível de cadeiras nas assembleias legislativas. Também contribuir com a vitória de aliados, candidaturas majoritárias, do campo político progressista.

Resolução Política situa os desafios brasileiros no âmbito de uma realidade mundial conturbada, instável, na qual se tem a evolução da crise estrutural do capitalismo, com aprofundamento da financeirização, mais concentração de riqueza e renda à custa de crescente desigualdade social e aumento da exploração do proletariado e do conjunto da classe trabalhadora.

Aborda fenômenos hodiernos, entre eles os novos paradigmas tecnológicos: os gigantes monopólios de tecnologia e inovação, a quase totalidade dos Estados Unidos, as denominadas big techs, que se constituem, entre outros aspectos, poderoso instrumental ideológico do imperialismo, totalmente a serviço do governo de extrema-direita de Donald Trump. A Resolução não somente analisa, mas aponta as diretrizes para se enfrentar a demandas que essas mudanças fazem emergir na arena da luta de classes.

Destaca-se, e isso tem grande relevância, que tomou forma uma realidade mundial multipolar, na qual se acentua o declínio da hegemonia dos Estados Unidos em contraface à ascensão crescente e consistente da República Popular da China e da tomada de posição de um conjunto de países do chamado Sul Global em defesa do direito ao desenvolvimento autônomo, formando parcerias e alianças, à revelia do imperialismo estadunidense, a exemplo dos Brics.

As guerras, as ameaças, as agressões do governo Trump aos povos e países do mundo, inclusive da América do Sul, representam ações da Casa Branca para tentar reverter o declínio pela via do extremismo de direita. Estratégia cuja tendência é o fracasso, como os resultados vão demonstrando.

Assim, o combate ao neofascismo e a defesa da democracia, a defesa da paz e contra as guerras imperialistas, ativa solidariedade ao povo palestino vítima de hediondo genocídio, à solidariedade à Cuba, à Venezuela e agora também à Colômbia e aos demais países agredidos pelo imperialismo, foram reafirmados como alto compromisso internacionalista. Em outro plano, se ressaltou a importância da cooperação, das parcerias e alianças, a exemplo do desenvolvimento compartilhado empreendido pela China como caminho necessário aos povos.

Resolução Política assevera que o socialismo amadureceu enquanto teoria e realização objetiva, retoma prestígio e crescentemente se avulta como alternativa, e necessidade, ao capitalismo decadente e em crise. Ressalta os feitos e realizações dos países socialistas, notadamente a China socialista. Mas não só. Sublinha a importância do Vietnã, a resistência de Cuba e da República Democrática Popular da Coreia, entre outros.

Os comunistas brasileiros têm como tarefa disseminar com mais intensidade e diversidade de formas e meios, entre o povo brasileiro, a alternativa do socialismo. Neste sentido, Luciana Santos anunciou que começa, desde já, o trabalho de pesquisas e estudos para a atualização do Programa Socialista para o Brasil, que deverá ser concluído em 2027. Como ponto inaugural deste processo, já está em debate o documento Subsídios à elaboração das reformas estruturais democráticas, indispensáveis ao desenvolvimento soberano e à luta pelo socialismo.

Um momento do Congresso de alto significado político e ideológico, e de viva emoção, foi a homenagem aos heróis e heroínas do PCdoB e do Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR8), do qual é herdeiro o Partido Pátria Livre (PPL), que se incorporou ao Partido. Ao custo de suas próprias vidas, ceifadas pela truculência da ditadura militar, mais de uma centena de dirigentes e militante legaram ao Brasil e ao povo importante contribuição à conquista da democracia e à jornada pela soberana nacional e pelo o socialismo.

Igualmente, às homenagens ao legado de Sérgio Rubens Torres, destacado revolucionário brasileiro, que foi vice-presidente do PCdoB e liderou o processo de integração do PPL ao PCdoB; além de Péricles de Souza, histórico dirigente nacional do PCdoB e um dos principais construtores do forte Partido na Bahia.

Coroando o êxito do 16º Congresso, na manhã do domingo, dia 19, foi eleito, com base dos critérios da política de quadros, o novo Comitê Central do PCdoB, com 164 membros. Se efetivou a paridade entre homens e mulheres em sua composição, feito saudado pelo Congresso como conquista que denota o firme compromisso dos comunistas com a bandeira da emancipação das mulheres e reflete o papel relevante que desempenham na vida social, política e econômica do país e, também, a importância real que exercem nas fileiras comunistas.

Luciana Santos, também ministra da Ciência, Tecnologia e inovação, há dez anos na presidência do Partido, foi reconduzida ao cargo sob aplausos, num ambiente congressual de entusiasmo e unidade, para um novo mandato até 2027. E, com a mesma unidade e entusiasmo, Nádia Campeão, atual secretária de Organização da legenda, coordenadora da Comissão Executiva Nacional e que foi vice-prefeita da cidade de São Paulo, foi eleita primeira vice-presidente do Partido.

Consciente do mar tempestuoso que tem pela frente, o coletivo dirigente e militante do PCdoB está seguro, pelos delineamentos da Resolução Política, pelo Comitê Central eleito, pelo vitorioso 16º Congresso, que a legenda soma conquistas para estar à altura dos grandes combates em andamento e dos que estão por vir.

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O PCdoB ocupa o seu posto https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/10/minha-opiniao_66.html

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