Bolsonarismo sofre desgaste, mas é resiliente
Editorial do Vermelho
É um escândalo atrás do outro. Parece uma inversão da máxima do corvo de
Allan Poe: em vez de nunca mais, sempre mais. Ou aqueles tufões do filme
Twister, que surgem e desaparecem sucessivamente. Com esse roteiro, o governo
Bolsonaro se enfraquece, mas mostra resiliência, como se viu na recente
elástica aprovação da “reforma” da Previdência Social em primeiro turno na
Câmara dos Deputados.
O mesmo se dá no âmbito da Operação Lava Jato. As bombásticas revelações do site The Intercept Brasil, compartilhadas com outros veículos de comunicação da mídia como o jornal Folha de S. Paulo e a revista Veja, ainda não foram suficientes para estancar o processo de afronta ao Estado Democrático de Direito. O estrago é grande — como disse Glenn Greenwald, do Intercept, em entrevista ao jornal El País, Moro é provavelmente quem dá credibilidade e legitimidade ao governo de Bolsonaro —, mas a lógica lavajatista sobrevive.
Nessa equação, é importante considerar que o bolsonarismo tem uma meta a cumprir; um projeto de poder e um programa a executar. Esse é o centro gravitacional do processo político que se instalou no governo nas eleições de 2018, fortemente beneficiado pelo marcha do golpe que derrubou o governo da presidenta Dilma Rousseff com a fraude do impeachment de 2016.
Pela ideologia da extrema direita capitaneada por Bolsonaro, esse projeto e esse programa devem ser executados a qualquer preço, obsessão que explica os atropelos da institucionalidade democrática do país. A meta de ajustar o Estado pela régua do fiscalismo ultraliberal e neocolonial do ministro da Economia Paulo Guedes, com a urgência histriônica dos seus vaticínios, pressupõe a utilização de métodos de rolo compressor, como está se processando na tramitação da “reforma” da Previdência Social.
Nesse ponto está a constatação de que a defesa da democracia assume a condição de prioridade máxima. Mesmo setores que concordam com aspectos do programa de governo bolsonarista estão em desacordo com seu projeto de poder. Aglutiná-los numa tática de composição ampla para, em primeiro lugar, criar as condições de restauração do Estado Democrático de Direito, como estabelece a Constituição, é o passo inicial da defesa da soberania nacional.
Essa complexidade, permeada por contradições, impõe a lógica da sagacidade política. Não se pode, obviamente, desconsiderar o desgaste do governo com as revelações do The Intercept Brasil e seus associados. Também são de grande relevância as suas trapalhadas, um acúmulo de cinismo, nepotismo e corrupção que em pouco mais de seis meses de governo atingiu proporções escandalosas.
Trata-se de um saldo altamente negativo para o campo governista que, submetido à ação oposicionista com um norte bem definido, tende a crescer. Mas é preciso ter em conta que a força do bolsonarismo foi constituída por um longo processo político. Ao mesmo tempo, o campo democrático e patriótico sofreu um duro golpe. Não é pouco coisa. Reconstituir as bases para enfrentar essa nova realidade pressupõe uma atuação política que tenha como premissa somar e acumular forças suficientes para isolar e derrotar o bolsonarismo.
O mesmo se dá no âmbito da Operação Lava Jato. As bombásticas revelações do site The Intercept Brasil, compartilhadas com outros veículos de comunicação da mídia como o jornal Folha de S. Paulo e a revista Veja, ainda não foram suficientes para estancar o processo de afronta ao Estado Democrático de Direito. O estrago é grande — como disse Glenn Greenwald, do Intercept, em entrevista ao jornal El País, Moro é provavelmente quem dá credibilidade e legitimidade ao governo de Bolsonaro —, mas a lógica lavajatista sobrevive.
Nessa equação, é importante considerar que o bolsonarismo tem uma meta a cumprir; um projeto de poder e um programa a executar. Esse é o centro gravitacional do processo político que se instalou no governo nas eleições de 2018, fortemente beneficiado pelo marcha do golpe que derrubou o governo da presidenta Dilma Rousseff com a fraude do impeachment de 2016.
Pela ideologia da extrema direita capitaneada por Bolsonaro, esse projeto e esse programa devem ser executados a qualquer preço, obsessão que explica os atropelos da institucionalidade democrática do país. A meta de ajustar o Estado pela régua do fiscalismo ultraliberal e neocolonial do ministro da Economia Paulo Guedes, com a urgência histriônica dos seus vaticínios, pressupõe a utilização de métodos de rolo compressor, como está se processando na tramitação da “reforma” da Previdência Social.
Nesse ponto está a constatação de que a defesa da democracia assume a condição de prioridade máxima. Mesmo setores que concordam com aspectos do programa de governo bolsonarista estão em desacordo com seu projeto de poder. Aglutiná-los numa tática de composição ampla para, em primeiro lugar, criar as condições de restauração do Estado Democrático de Direito, como estabelece a Constituição, é o passo inicial da defesa da soberania nacional.
Essa complexidade, permeada por contradições, impõe a lógica da sagacidade política. Não se pode, obviamente, desconsiderar o desgaste do governo com as revelações do The Intercept Brasil e seus associados. Também são de grande relevância as suas trapalhadas, um acúmulo de cinismo, nepotismo e corrupção que em pouco mais de seis meses de governo atingiu proporções escandalosas.
Trata-se de um saldo altamente negativo para o campo governista que, submetido à ação oposicionista com um norte bem definido, tende a crescer. Mas é preciso ter em conta que a força do bolsonarismo foi constituída por um longo processo político. Ao mesmo tempo, o campo democrático e patriótico sofreu um duro golpe. Não é pouco coisa. Reconstituir as bases para enfrentar essa nova realidade pressupõe uma atuação política que tenha como premissa somar e acumular forças suficientes para isolar e derrotar o bolsonarismo.
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