Além da minha
modesta imaginação
Luciano
Siqueira
Quais os limites das
investigações espaciais? Não há limites. Avança na proporção direta da
sofisticação dos métodos e equipamentos de pesquisa. E da ousadia dos
cientistas.
Agora mesmo se
anuncia uma descoberta tão curiosa quanto instigante: A sonda New Horizons da Nasa exibiu uma imagem nova e considerada ultra
detalhada de um objeto espacial com o formato de boneco de neve e o denominou
“Ultima Thule”, que em latim quer dizer "um lugar além do mundo
conhecido".
Esse “lugar”, ou seja, onde estava o tal objeto, dista aproximadamente 6,5 bilhões
de quilômetros da Terra.
Dá para ter
uma ideia clara do que isso significa? Não consigo.
E me ponho a
imaginar o emaranhado de hipóteses que uma descoberta como essa suscita. Quanto
mais perguntas, melhor.
Escreveu
Albert Einstein que, no processo de investigação científica, frequentemente o
maior mérito cabe a quem formulou a pergunta e não necessariamente a quem obteve
a resposta.
Faz sentido.
Se o Homo erectus, nosso ancestral mais imediato, vivente no período
neolítico, cerca de 7 mil anos AC, não tivesse se inquietado ao presenciar
faíscas serem geradas pela fricção de galhos de árvores embalados pela força do
vento, e feito suas próprias tentativas, o modo de gerar fogo não teria sido
descoberto nem cumprido o papel decisivo que passou a ter para a sobrevivência
dos grupos que se espalharam mundo afora. Sobretudo os que viveram (e vivem) em
regiões mais frias.
E entre
perguntas e respostas tem caminhado a Humanidade.
Esse tal “Ultima
Thule” mesmo já havia sido descoberto em 2014, através do telescópio espacial
Hubble (um satélite astronômico
artificial não tripulado que transporta um
grande telescópio para a luz visível e infravermelha) como um
pequenino corpo constituído por rocha e gelo. Mas os pesquisadores queriam
vê-lo “de perto” para terem uma ideia menos obscura do que se trata mesmo.
Agora já sabem
como o dito cujo provavelmente é. O próximo passo é saber a sua exata essência e
o porquê de estar ali na alça de mira, pronto para gerar mais inquietações e mais
perguntas.
Cá com meus
modestíssimos botões de ex-pretendente a cientista – veleidade que abandonei ao
entrar na Faculdade de Medicina da UFPE – sempre impressionado com o anúncio de
novas descobertas, torço para estar vivo e consciente quando da descoberta de
seres vivos e inteligentes em alguma parte desse infinito Universo.
Serão eles
beneficiários de um modus vivendi harmônico e justo ou também se desenvolvem
impulsionados pelos conflitos de classe?
Bom, essa
pergunta talvez seja precipitada demais. E até inconveniente nos tempos bicudos
do bolsonarismo, em que até o vento é tido como suspeito de ser invencionice
marxista...
Melhor
aguardar pacientemente.
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