Grande mídia faz cobertura “extremamente negativa”
sobre os 100
dias de Lula, aponta Manchetômetro
Estadão
lidera textos negativos, seguido por Folha e Globo. Lula é descrito de forma
pejorativa pelos jornais
Ana Gabriela Sales/Jornal
GGN
O marco dos 100
primeiros dias do terceiro mandato de Lula (PT) na Presidência da República foi
objeto de um dilúvio de críticas nos jornalões, segundo o levantamento “De Olho
Na Imprensa”, do Manchetômetro, publicado nesta sexta-feira (15).
A análise se desdobrou
em 163 textos publicados pelos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de
S. Paulo, entre manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e
editoriais. Durante a segunda semana de abril, esses veículos mantiveram
uma cobertura “predominantemente negativa” em relação ao Governo Federal, com
pouquíssimos textos favoráveis.
O Estadão lidera em negatividade, seguido pelo Globo e a
Folha. O Estadão focou em textos contrários nas chamadas e editoriais, já a
Folha em chamadas e colunas e o Globo em colunas e editoriais. O Estadão também
é o único jornal que não publicou nenhum editorial favorável ao governo Lula
nesta semana.
dias, política externa,
regulação das redes e economia
O
levantamento apontou que a cobertura dos jornais teve quatro grandes temas
principais. O primeiro tema foram críticas ao governo e às propostas do mesmo.
“Dado o marco dos 100 dias de governo, foram publicados muitos textos críticos
à proposta do Governo Lula de retomar projetos antigos e também críticas à
forma do presidente de governar. Em suma, a cobertura dos 100 dias foi
extremamente negativa para o Governo, com foco especial na figura do
presidente, descrito muitas vezes de maneira pejorativa”, mostrou a
análise.
Já
em meio a viagem de Lula à China, o segundo tema relevante na mídia foi a
política externa, que passou a discutir “exaustivamente os benefícios do
governo se aproximar daquele país asiático”. Contudo, nesta temática, houve
textos criticando a fala de Lula sobre a Crimeia e sua falta de posicionamento
quanto à Nicarágua e Venezuela, “um bordão que a grande imprensa frequentemente
utiliza contra o petista”, lembrou a amostra.
O
terceiro tema de destaque foi a regulação das Redes, em meio aos casos de
violência nas e a influência das plataformas digitais para a disseminação
de discursos de ódio. “A crítica aqui não se dirigiu ao governo ou a Lula, mas
ao Twitter, pela maneira como respondeu aos questionamentos, considerada
absurda pela imprensa. As medidas do Ministério da Segurança Pública e Justiça
foram consideradas positivas para tentar coibir os discursos, mesmo que
necessitem de alguns ajustes”.
Por fim, a Economia
foi o quarto tema mais importante nesta semana, dividido em dois pontos: o
Arcabouço Fiscal do ministro Fernando Haddad e a taxação do ecommerce. “A
proposta de taxar o ecommerce foi analisada na mídia a partir de duas
críticas: primeiro, de que a comunicação do governo não fora adequada e que,
mesmo com o apoio de influenciadores digitais, a divulgação da medida não havia
sido feita de forma correta; e segundo, que a taxação era um tiro no pé de
Lula, afinal estaria retirando de seu reduto eleitoral, as classes mais baixas,
poder de compra. Apesar disso, a proposta é analisada como positiva, por coibir
a sonegação de impostos”.
“Em suma, na semana
dos 100 dias a imprensa dá mostras abundantes de não ter dado a Lula o
privilégio de uma verdadeira Lua de Mel. O diagnóstico de que as ações do
governo não são suficientes para responder aos desafios do país é disseminada
na cobertura jornalística, principalmente nos textos opinativos, que são
numericamente dominantes em nossa amostra”, completou o levantamento.
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