As
várias ideias de jogo no futebol
Há diferentes maneiras de atuar bem e de vencer; tendência mundial é
unir estilos
Tostão/Folha
de S. Paulo
Uma correção: Paulo Isidoro não era titular da seleção
brasileira na Copa de 1982, como escrevi. A equipe tinha quatro jogadores
excepcionais de uma área à outra (Toninho Cerezo, Falcão, Zico e Sócrates), um
centroavante (Serginho) e um ponta-esquerda (Éder Aleixo). Não havia
ponta-direita.
Sem querer comparar a qualidade e o estilo dos jogadores, a
seleção de 1982 lembra o Manchester City, que lembra o
Fluminense, na maneira de jogar, com muita aproximação e troca de passes. Guardiola já disse que
adorava ver o time brasileiro de 1982.
Quando o Manchester City contratou Haaland, eu e a turma que não
é do oba-oba ficamos na dúvida se ele, um centroavante de arrancadas e
finalizações, daria certo em uma equipe de trocas curtas de passes. Haaland se
adaptou ao City, e o time, ao jogador. A equipe continua trocando muitos passes
e, por ter Haaland, acelera no momento certo, com lançamentos longos para o
artilheiro. Haaland passou também a jogar cada vez mais como pivô e a trocar
mais passes. O time ficou mais forte, e ele, ainda melhor.
Décadas atrás, criou-se no futebol o conceito de que, para ser
objetivo, é essencial atuar com transições rápidas e com muita velocidade para
chegar ao gol. A troca curta de passes e a posse de bola passaram a ser
execradas, o que ainda é repetido por muitos até hoje. Se estivesse vivo,
Nelson Rodrigues os chamaria de "idiotas da objetividade".
Obviamente, há várias maneiras de jogar bem e de vencer. A tendência mundial é
unir os dois estilos, o de gostar de ficar com a bola e acariciá-la com o jogo
mais intenso e mais rápido de chegar ao gol.
O Palmeiras, que se destaca
mais pela transição rápida, continua sendo o melhor time do
Brasil, independentemente da atuação e do resultado de ontem contra o Corinthians. Não
se mudam conceitos e avaliações por causa de poucos jogos.
Não houve surpresas na Copa do Brasil. O Flamengo goleou o Maringá por 8 a 2. O
perigo é criar um otimismo exagerado, um conto de fadas por causa de um jogo.
Uma das características de Sampaoli é alternar grandes e ruins atuações e
resultados. A equipe costuma ser muito ofensiva e deixar muitos espaços na defesa.
Hoje, o Flamengo enfrenta o Botafogo, que tem jogado melhor que a expectativa.
Alguns analistas e treinadores, como Coudet, do Atlético-MG,
misturam volume de jogo e número de finalizações com desempenho e chances
claras de gols. O Galo joga com intensidade, avança com muitos atacantes,
finaliza bastante, mas tem pouca lucidez coletiva, por não priorizar a troca de
passes e o controle da bola no meio-campo. Esse é um problema de várias equipes
brasileiras.
Após a classificação do Corinthians na Copa do Brasil, Cuca
anunciou a sua saída, já decidida antes da partida. O técnico se assustou e
estranhou o enorme repúdio pela sua contratação, já que ele recentemente
trabalhou em inúmeros times brasileiros e foi até comentarista de televisão na
Copa do Mundo. O mundo mudou e não tolera mais o crime de estupro.
Apesar de condenado, Cuca nega ter participado do crime. Há uma
pequena chance de ele ser inocente? Ele mente ou teria banido da consciência,
da mente, o fato e criado uma outra verdade, em que acredita, como às vezes
acontece com o ser humano para se livrar de um grande sentimento de culpa?
Os psicóticos, que não têm nada a ver com Cuca, não possuem este
tipo de sofrimento nem arrependimento.
O futebol
continua imprevisível? https://bit.ly/3ZyC9tL
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