23 abril 2023

Prêmio Camões

Vai, Chico, ser Camões no mundo!

Hildegard Angel


Carol está em Lisboa, onde seu augusto, augustissimo marido, Chico Buarque de Holanda, vai receber, das mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o mais importante prêmio da língua portuguesa, o consagrador Prêmio Camões.  

Por traz dessa entrega há uma história política, que bem ilustra a era paleolítica a que o Brasil retrocedeu nos seis anos passados (Temer, inclusive): a Idade da Pedra Lascada. 

Pelo estatuto do prêmio, seu diploma deveria receber a assinatura do presidente do país do agraciado. O brucutu com a faixa presidencial e com um tacape no lugar do cérebro, que acabara de tomar posse, grunhiu que ele não assinaria nem entregaria nada ao Chico. Este suspirou aliviado e pediu a Carol que jogasse flores de agradecimento a Iemanjá por essa graça alcançada, pois jamais aceitaria receber coisa alguma da pré-neolítica criatura assentada e obrando no trono (aquele mesmo que vocês estão pensando) - preferia esperar a volta do Lula. 

E Lula foi absolvido, saiu da prisão, se elegeu Presidente da República e está em Lisboa, onde entregará o prêmio Camões ao Chico, com sua assinatura.

Quem não acredita em finais felizes pode continuar a não acreditar, porque não se trata de um final, mas de um recomeço. Trata-se do ponteiro do relógio da razão acertando o passo; de uma ampulheta invertida para o recomeço da Era da Plenitude, da Sensibilidade, da Reconstrução do Brasil e das mentes brasileiras.

Vai, Camões de um só olho, consagrar os olhos de ardósia  de quem enxerga o Brasil com as verdes lentes da esperança, combustível que salva, redime e alimenta, desde sempre, as almas brasileiras e as faz fortes para suportarem tanto sofrimento e se reerguerem depois de cada tranco.

Meus cumprimentos ao Chico, pelo prêmio, ao Lula, pela sorte de entregá-lo, e a Carol, pelo seu prestígio com Iemanjá.

Tudo o que importa de algum modo permanece https://bit.ly/3Ye45TD

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