A ilógica cara-de-pau do mito da criminalidade “do bem”
Enio Lins www.eniolins.com.br
Certas ocorrências comprovam o clima de
surrealismo tresloucado vivido pelo Brasil, onde parece que procedimentos e
reflexões com base de velha e boa lógica simplesmente foram para a lata do lixo
da consciência humana. Nonsense puro.
Diz-nos os dicionários disponíveis na rede:
“Nonsense é o substantivo em inglês que significa sem sentido, absurdo ou
contrassenso e indica manifestações contrárias à lógica”. Tempo houve que esse
estrangeirismo era de uso corrente na mídia brasileira.
Apois não é que agora o clima de nonsense domina um enorme conjunto de atitudes, permeando
manchetes, raciocínios, reportagens inteiras na nossa imprensa – sem falar nas
redes sociais ultrapoluídas pelas tais fakes news.
Manifestações contrárias a lógica se encontram a
mancheias. Exemplo: a prestigiada revista Fórum publica matéria dizendo que um
cidadão que postou mensagem se vangloriando de ter cometido um assassinado
“pode ser investigado por homicídio”.
Como assim? O cara divulgou imagens da vítima que
acabara de assassinar, relatou como matou a quem acusou de ladrão, assumiu o
homicídio praticado, tudo postado por várias fontes e ao vivo – e “pode ser”
investigado por homicídio???
O homicídio aconteceu no dia 25 de abril, em São
Paulo. Segundo a Gazeta de Limeira, citando a Secretaria de Segurança Pública
paulista, o caso foi registrado como “furto e morte suspeita/acidental no
plantão do 78º Distrito Policial”. Acidente?
Nesse mesmo período, noutra pauta, assume ares de
“debate democrático” a tentativa de liberar – nas redes – os crimes de calúnia,
difamação e injúria, além da manutenção livre de grupos terroristas (como os
que defendem atentados contra escolas).
Pois o chamado “PL das Fake News”, projeto de lei
que tenta responsabilizar essa criminalidade que infesta os meios virtuais,
passou a ser alvo de uma campanha cara-de-pau que defende esse tipo de crime
(muito) organizado como “liberdade de expressão”.
Um êxtase delinquente, onde matar, mentir,
sonegar, roubar... passou a ser mantra para uma razoável parcela da população
que se orienta pelo bolsonarismo, desde que em benefício dos “homens de bem” e
“patriotas”. Nonsense puro, cinismo radical. [Ilustração: Francisco Goya]
A inteligência artificial pode nos
condenar ao tédio bit.ly/3zSTW3C
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