Reindustrializar com sustentabilidade e justiça social, defende Luciana Santos
Ministra participou de debate organizado pela Fundação Maurício Grabois sobre a reindustrialização do país. O consenso entre debatedores é o papel central do Estado na retomada da indústria
A ministra da Ciencia e Tecnologia e presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos participou do ciclo de debates promovido pela Fundação Mauricio Grabois, denominado Reindustrializar o Brasil: Inovação, Tecnologia, Soberania e Sustentabilidade.
Segundo Luciana Santos, o projeto necessário para o país é o de “uma reindustrialização com foco na sustentabilidade e na justiça social”. Em sua intervenção, Luciana perpassou a trajetória histórica do pensamento econômico passando por Adam Smith, Schumpeter e Keynes até os dias atuais. A ministra também apresentou o programa do governo federal Nova Indústria Brasil (NIB). Entre as prioridades destacadas por ela estão a ampliação do Complexo Econômico Industrial de Saúde, a transformação digital da indústria e a bioeconomia.
No debate com Luciana Santos estiveram o professor da Unicamp, Luiz Gonzaga Belluzzo; o representante da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Fabricio Silveira; o ex-presidente do Clube de Engenharia, Pedro Celestino; e o representante da Fundação João Mangabeira, Alexandre Navarro.
Para o professor da Unicamp, Luiz Gonzaga Belluzzo, “a questão hoje não é a de reproduzir a industrialização que já perpetramos na década de 1980”, mas sim criar uma reindustrialização. Belluzzo defendeu que a reindustrialização deve ser baseada em articulação institucional e planejamento. Isso significa, segundo Belluzzo, “definir claramente quais são os objetivos da reindustrialização, construir os agentes que levarão o projeto adiante e articular o setor público com o privado”. Belluzzo citou a noção de Gramsci de “fabricar os fabricantes”, ou seja, o Estado precisa estimular atores privados que levem adiante esse projeto.
Representante da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Fabricio Silveira também registrou a importância do papel do Estado no direcionamento da reindustrialização. Citando a economista italiana Mariana Mazzucato, Silveira defendeu o Estado como um “investidor de primeira instância e não apenas um emprestador de última instância”. De acordo com Silveira, a CNI vê a NIB com bons olhos, mas ela precisa ser transformada em uma política de Estado e não apenas de governo.
O ex-presidente do Clube de Engenharia, Pedro Celestino, seguiu na mesma direção. Celestino argumentou ser preciso restabelecer o planejamento e definir prioridades. O engenheiro também ressaltou a importância de mais investimentos nas universidades públicas.
Por fim, o representante da Fundação João Mangabeira, Alexandre Navarro, sugeriu que ainda falta na NIB uma maior coordenação. Navarro defendeu que a reindustrialização contribua com a redução das assimetrias regionais. “Não dá para a Nova Indústria Brasil ficar com uma cara paulicêntrica”, concluiu.
Leia: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2023/06/palavra-de-luciana_3.html
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